AIEA adota plano de ação para segurança nuclear

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Por FREDRIK DAHL
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A comissão dirigente da agência nuclear da ONU, composta de 35 nações, adotou um plano da ação nesta terça-feira para fortalecer a segurança nuclear mundial depois do acidente de Fukushima no Japão há seis meses, apesar de críticas de diversos Estados de que as propostas haviam sido amenizadas. O conselho dirigente aprovou por consenso um documento de oito páginas apresentado pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, estabelecendo uma série de medidas voluntárias para aumentar os padrões mundiais de segurança. O debate dos dirigentes sobre a questão revelou as divergências entre aqueles países que buscam maior comprometimento internacional e os que defendem que a segurança deve permanecer como uma questão estritamente nacional. "Houve uma série de vozes críticas", disse um diplomata sobre as discussões, fechadas ao público, referindo-se aos países que deixaram claro querer uma ação mais firme a nível internacional. O desastre nuclear de Fukushima, no Japão, em março gerou um questionamento mundial sobre a energia nuclear e expôs a necessidade de se tomar medidas mais coordenadas, inclusive um aumento na fiscalização de segurança dos reatores, para garantir que tal acidente não ocorra novamente. Um grupo de nações -- entre elas a Alemanha, França, Suíça, Cingapura, Canadá e Dinamarca -- expressaram descontentamento com a versão final do plano de ação da AIEA, por não ir longe o suficiente. Os Estados Unidos, a Índia, a China e o Paquistão -- grandes países em termos nucleares -- estavam entre os membros que resistiram a qualquer medida obrigatória de inspeções externas de suas instalações nucleares. Buscando um meio-termo, a AIEA parece ter recuado gradativamente de suas ambições em uma série de esboços. O documento final colocou mais ênfase na natureza voluntária das medidas em comparação às versões anteriores, também em relação à questão central de inspeções das usinas nucleares organizadas pela AIEA. O impacto político do terremoto e tsunami que provocaram uma crise no Japão foi particularmente forte na Europa, onde a Alemanha decidiu fechar todos os seus reatores até 2022 e a Itália votou para banir a energia nuclear por décadas. Barras de combustível em três reatores no complexo japonês começaram a derreter quando o sistema de resfriamento falhou, provocando um vazamento de radiação e obrigando a retirada de 80 mil pessoas das áreas próximas.

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