AIEA suspende alguns programas de ajuda nuclear ao Irã

Supensão de programa de coolaboração é parte do pacote de sanções imposto a Teerã pela suspeita de que iranianos estejam produzindo armas nucleares

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Agência Internacional de Energia Atômica suspendeu projetos de ajuda técnica ao Irã para cumprir as sanções impostas pela Organização das Nações Unidas contra o país, devido à suspeita de que os iranianos estejam tentando produzir armas nucleares, disseram diplomatas. As potências ocidentais querem que a AIEA reveja a colaboração ao projeto de energia nuclear civil do Irã, cortando a maioria dos 65 projetos, mas enfrentam resistência por parte de um grupo de nações em desenvolvimento ao qual o Irã pertence, o que está criando tensões dentro da agência. As conclusões da revisão serão apresentadas à diretoria da AIEA no mês que vem, para provavelmente ser votadas em março. Mas alguns projetos já foram engavetados, disseram diplomatas ocidentais na quarta-feira. "Projetos definivamente incompatíveis com a Resolução 1.737 da ONU já foram suspensos", disse um diplomata da União Européia. Segundo a fonte, a agência já elaborou uma lista preliminar de projetos que podem ser mantidos e está concluindo a análise dos mais complicados, com caráter mais híbrido. Uma fonte importante da AIEA confirmou as informações. Autoridades iranianas não estavam disponíveis imediatamente para fazer comentários. A República Islâmica sofreu as sanções porque não conseguiu provar à AIEA que suas experiências com o enriquecimento de urânio visam somente a gerar energia elétrica. A resolução, aprovada no dia 23 de dezembro, proíbe a transferência de materiais e tecnologias nucleares e estratégicos para o Irã e a ajuda da AIEA se houver qualquer possibilidade de uso na produção de combustível atômico. Até o mês passado a agência lidava com 20 projetos de assistência específicos para o Irã e com mais de 40 pacotes "regionais" incluindo o país. A AIEA administra cerca de 800 projetos técnicos no mundo todo, no valor total de 80 milhões de dólares. Muitos deles envolvem trabalhos com radioisótopos para uso médico e agrícola, gerenciamento de lixo radioativo, planejamento de usinas nucleares e normas de segurança na área. Segundo vários diplomatas, as últimas três categorias poderiam ser interpretadas como apoio à produção de combustível nuclear. A definição depende de uma disputa entre o Ocidente e o Movimento de Países Não-Alinhados, que reúne países em desenvolvimento e do qual o Brasil participa como observador. De acordo com as fontes diplomáticas, Estados Unidos, Austrália e França acham que pelo menos metade dos projetos deveria ser eliminada, enquanto Alemanha, Itália e outros países europeus menores preferem cortes mais restritos.

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