Air France elogia pilotos após divulgação de diálogos de caixa-preta

Pela 1ª vez, França confirmou pane nos sensores de velocidade do Airbus que caiu em 2009.

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Por Daniela Fernandes
Atualização:

A Air France defendeu nesta sexta-feira a atuação dos pilotos do voo AF 447, após a divulgação pelos investigadores de uma nota sobre as circunstâncias do acidente, ocorrido no final de maio de 2009 e que matou 228 pessoas. "A tripulação, reunindo as competências dos três pilotos, demonstrou profissionalismo", diz um comunicado da companhia. No documento, a Air France isenta os pilotos e insiste no fato de que a pane nos sensores de velocidade do Airbus é o fator inicial que desencadeou a desconexão do piloto automático, elemento que precedeu a perda de sustentação do avião. Pela primeira vez, o Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), que apura as causas do acidente, confirmou oficialmente que a pane nos sensores de velocidade do Airbus, os chamados tubos Pitot, é o ponto de partida de uma série de eventos que conduziram à catástrofe. "O relatório do BEA mostra que a tripulação mudou a rota para desviar de fenômenos meteorológicos", afirmou Eric Schramm, diretor de operações aéreas da Air France, em uma coletiva nesta sexta-feira. "Houve o congelamento dos tubos Pitot, que resultou na perda dos dados de velocidade do avião", disse Schramm. Ele acrescenta que o desligamento do piloto automático, causado pela perda dos dados de velocidade, suprime as proteções associadas a esse modo de pilotagem. "O incidente com os tubos Pitot resultou na perda dos dados de velocidade, relativamente momentânea, que durou cerca de 50 segundos. Mas a consequência disso foi a desconexão do piloto automático", diz o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec. Turbulência Os pilotos não enfrentavam fortes turbulências no momento em que os tubos Pitot deixaram de funcionar, disse Troadec à BBC Brasil. Os investigadores franceses vão agora analisar em detalhes as reações dos pilotos para enfrentar os problemas indicados nos alarmes do avião. A aeronave perdeu a sustentação e despencou a uma velocidade de 200 Km/h. A queda durou três minutos e meio. O BEA também tentará descobrir por que o controle do avião não pôde ser recuperado depois que os dados de velocidade voltaram a ser indicados. Isso ocorreu um minuto após a perda dessas informações nos computadores de bordo. "Precisamos entender as ações dos pilotos. Nós escutamos as conversas (gravadas na caixa-preta), mas não sabemos ainda porque eles adotaram essas ou aquelas medidas. Vamos cruzar as informações disponíveis para entender as razões disso", afirma Troadec. "Vamos investigar qual foi o treinamento individual dos pilotos e quais procedimentos de emergência foram aplicados", afirma Troadec. Durante os quatro minutos em que lutaram para recuperar o controle do avião, os pilotos mantiveram a ordem para que o nariz da aeronave fosse levantado. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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