Al Gore e comitê da ONU sobre clima ganham o Nobel da Paz

Ex-vice-presidente americano e IPCC são premiados por suas campanhas contra o aquecimento global

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Por Jamil Chade
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O ex-vice-presidente americano Al Gore e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, pelas iniciais em inglês) ganharam ontem o Prêmio Nobel da Paz por suas campanhas contra o aquecimento global, numa demonstração de que as questões climáticas passaram definitivamente a ser o centro das preocupações e das disputas políticas internacionais. O Brasil e outros países emergentes, além do comportamento de países como os EUA, estão no centro da polêmica. Gore - cuja mensagem contra a mudança climática foi mostrada no documentário Uma Verdade Inconveniente, ganhador do Oscar - disse estar "profundamente honrado" com o Nobel e recebeu a premiação em nome de todos os cientistas, como os do IPCC, que trabalharam sem descanso por anos para espalhar o alerta sobre o aquecimento global. O político de 59 anos acrescentou que doará sua metade do prêmio de US$ 1,5 milhão à Aliança de Proteção ao Clima, uma entidade que ele fundou nos EUA dedicada a conscientizar a opinião pública sobre a mudança climática. O prêmio, além de ser um reconhecimento pelos esforços de Gore para promover a questão climática, foi recebido na ONU como uma mensagem de que os dados científicos do IPCC devem ser considerados como base de decisões políticas. Nos EUA, uma série de políticos, entre eles o presidente George W. Bush, insistem em questionar as pesquisas que mostram como a atividade humana está acelerando as mudanças climáticas. "Ações urgentes são necessárias", disse o comitê do Nobel, que avaliou 181 candidaturas para o prêmio. Para a entidade, as ameaças criadas pelas mudanças climáticas podem causar guerras, forçar migrações e afetar a vida de milhões em todo o mundo. "Queremos colocar o clima mundial na agenda em conexão com a paz", disse o presidente do comitê do Nobel, Ole Danbolt Mioes. Segundo a instituição, Gore é a pessoa que mais fez pelo entendimento da causa na opinião pública. Já o IPCC, assinalou o comitê, criou um "amplo consenso" sobre a relação entre a atividade humana e os problemas ambientais. Na prática, o IPCC provou cientificamente que o mundo precisa frear o aquecimento global. Por causa do prêmio, todos os olhos vão se voltar para a Conferência de Bali, em dezembro. O evento será marcado pela busca de um acordo internacional para combater as mudanças climáticas. As pressões de países emergentes e das economias ricas já começaram. Os temas ambientais já fazem parte de uma guerra de bastidores. Por trás de debates sobre o clima, estudos mostram que a real preocupação dos governos é como essas novas exigências vão afetar a competitividade dos países na economia internacional.

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