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Albaneses étnicos denunciam massacre

Por Agencia Estado
Atualização:

Albaneses étnicos denunciaram hoje que tropas do governo invadiram a vila deles nos arredores da capital da Macedônia no começo desta semana, executaram sumariamente civis e queimaram as casas. Autoridades internacionais que visitaram hoje a vila de Ljuboten confirmaram a descoberta de corpos. A denúncia de que um massacre ocorreu na vila no domingo fez diminuir as esperanças de que um novo acordo de paz possa levar a uma rápida reconciliação entre os albaneses e eslavos da Macedônia. A notícia também ofuscou os preparativos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para lançar uma arriscada operação visando a desarmar os rebeldes albaneses étnicos que têm combatido forças governamentais desde fevereiro. Em Bruxelas, oficiais da Otan disseram que os dois lados no conflito atenderam a duas condições-chave para o lançamento da missão, mas a última - um cessar-fogo duradouro - ainda está pendente. Eles afirmaram que o status da força foi acertado entre a Otan e o governo macedônio e, mais tarde, as forças rebeldes declararam oficialmente quantas armas pretendem entregar. Representantes da Otan trabalhavam junto ao governo macedônio para que ele aceite o número - estimadas 2.000 armas. Os rebeldes albaneses étnicos não participaram da negociação do acordo de paz e alguns comandantes recusam-se a aceitá-lo. Os poucos albaneses étnicos que permaneceram em Ljuboten após a ofensiva do governo disseram à Associated Press que policiais executaram sumariamente pelos menos nove civis albaneses étnicos queimaram e saquearam 25 casas e mataram dezenas de ovelhas e cabeças de gado. Os corpos, espalhados pelas ruas, só foram enterrados hoje. "Sete civis foram sumariamente executados", afirmou por telefone Iljaz Bajrami, um morador de Ljuboten. "Eles tiveram as pernas e braços quebrados e, depois, suas cabeças estouradas". "Além dos sete, enterramos anteriormente dois outros nos jardins de casas particulares", disse. Harald Schenker, um porta-voz de uma delegação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que visitou Ljuboten nesta terça-feira, relatou que "alguns corpos foram encontrados". Ele negou-se a dar detalhes devido a uma investigação policial em curso. Mas outra fonte da OSCE, que pediu para não ser identificada, afirmou que foram descobertos os corpos de cinco homens. A fonte não pôde confirmar que os homens foram mortos com tiros na cabeça, como denunciam moradores, mas sugeriu que eles foram baleados ao tentar escapar. Ljube Boskovski, funcionário do Ministério do Interior responsável pela polícia, foi enfático: "Não ocorreu nenhum massacre de civis em Ljuboten." De acordo com ele, cinco albaneses étnicos mortos durante um combate pertenciam a um "grupo terrorista". O Ministério do Interior acusou os funcionários da OSCE de caluniar as forças de segurança macedônias ao dizer que elas assassinaram civis. Amanda Williamson, uma porta-voz da Cruz Vermelha, disse que uma multidão de eslavos impediu que membros da sua organização entrassem no domingo em Ljuboten e que a polícia voltou a impedi-los hoje. Um porta-voz da polícia, pedindo para não ser identificado, negou as acusações. Ele garantiu que "dois terroristas vestidos de mulher dispararam contra nossas forças e foram liquidados" no confronto. Ele também negou que a polícia estaria impedindo o acesso à vila. Mais cedo, a polícia havia anunciado a prisão de 70 albaneses étnicos de Ljuboten em conexão com o confronto e a explosão de uma mina terrestre na vila que matou oito soldados do governo na sexta-feira, e eles estavam sendo investigados por suspeita de "atividades terroristas". Bajrami afirmou que 70 homens foram libertados na segunda-feira, mas o paradeiro de 23 civis ainda era desconhecido. Ele disse que era uma das poucas pessoas que permaneceram na vila para "enterrar os mortos" e que cerca de 3.000 fugiram para Skopje depois da ofensiva.

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