BUENOS AIRES - O candidato peronista à presidência da Argentina Alberto Fernández agradeu nesta segunda-feira, 12, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos cumprimentos enviados mais cedo por suavitória nas primárias argentinas de ontem. Fernández lidera a chapa na qual a ex-presidente e senadora Cristina Kirchner é sua vice.
"Muito obrigado, querido amigo Lula. Como você bem disse, devemos dar esperança a nosso povo e cuidar de quem mais necessita", escreveu Fernández em sua conta de Twitter, em resposta a uma mensagem do ex-presidente brasileiro, que está preso por um caso de corrupção após um polêmico processo judicial.
Lula, também pelo Twitter, destacou o "significativo resultado" alcançado por Fernández e Cristina, a quem também felicitou. A Argentina terá eleições presidenciais em 27 de outubro e a dupla Fernández e Cristina conquistou 15 pontos porcentuais de vantagem no domingo para o atual presidente, Mauricio Macri.
Fernández visitou Lula na sede da Polícia Federal em Curitiba em julho. Na ocasião, ele declarou que o acordo de integração entre Mercosul e União Europeia será revisto, pois foi anunciado precipitadamente em razão da corrida eleitoral e porque agravará os problemas enfrentados pela indústria argentina.
Conversas com Macri
Fernández afirmou nesta segunda-feira que não espera um convite de Macri para uma conversa que ajude a solucionar a instabilidade provocada pelo resultado de domingo.
"O governo nunca chamou ninguém, não sei porque irá chamar agora", disse ao deixar uma reunião com outros candidatos da Frente de Todos, a coalizão que integra.
A derrota eleitoral sofrida por Macri teve impacto no mercado financeiro da Argentina, com queda de mais de 35% na Bolsa de Valores, além de forte alta do preço do dólar.
No mercado de câmbio, a moeda americana subiu 23,44% e é cotada a 55,85 pesos para venda. Em bancos privados e casas de câmbio, o valor alcançou a marca de 58,25 por dólar.
"Estamos começando uma campanha novamente. O governo precisa governar, e nós somos oposição", disse o candidato peronista, que chegou a 47,65% dos votos, contra 32,08% de Macri.
Com essa margem, Fernández venceria as eleições presidenciais do dia 27 de outubro sem que houvesse a necessidade do segundo turno.
O candidato confirmou que, dos integrantes do governo atual, só conversou com o ministro do Interior, Rogelio Frigerio.
Perguntado pela reação dos mercados e sobre a desvalorização do peso, Fernández acusou a existência de manipulação sobre dados do país. "Infelizmente, é o que acontece quando um governo, durante tanto tempo, não diz a verdade sobre a economia. Um dia, a verdade aparece", disse o candidato. / EFE