Alemanha adere à proibição de símbolos religiosos

Na França, centenas protestam contra o plano de se proibir o uso de qualquer símbolo religioso nas escolas públicas

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Por Agencia Estado
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O chanceler alemão Gerhard Schroeder aderiu em parte às restrições do governo da França contra o uso de qualquer símbolo religioso em instituições públicas. Schroeder manifestou-se contra o uso do véu islâmico pelas professoras da rede pública de ensino alemã. Ele afirmou que a vestimenta islâmica "não tem lugar entre os funcionários públicos", segundo entrevista publicada pelo semanário Bild am Sonntag. O debate sobre a proibição do uso do véu pelas professoras muçulmanas acirrou uma disputa que vem desde setembro, quando a mais alta corte de Justiça do país decidiu que os véus podiam ser usados, a menos que uma legislação específica os proibisse. Até agora, Schroeder não havia feito comentários sobre a questão, mas agora afirmou que a Alemanha é um Estado secular e funcionários públicos não podem usar símbolos religiosos no trabalho. "Os véus não têm lugar entre os funcionários,incluindo as professoras", disse Schroeder. Mas, ao contrário da França, que analisa um projeto de lei para proibir o véu, o quipá judeu e crucifixos pelos alunos nas escolas públicas, a decisão do governo alemão enfoca apenas os professores, não os alunos. "Não posso evitar que alunas usem o véu nas salas de aula", disse Schroeder. Até agora, apenas os Estados da Baviera e Baden-Wuerttemberg haviam proposto legislação que impede as professoras de usarem o véu, embora vários outros dos 16 Estados estejam analisando a questão. Protestos na França Em Paris, mais de 3 mil pessoas - na maioria mulheres e crianças muçulmanas - fizeram manifestação em Paris contra a proibição do véu em escolas públicas, gritando slogans do tipo "O véu, minha escolha". A manifestação foi a primeira na capital francesa desde que o presidente Jacques Chirac anunciou que pedirá ao Legislativo um projeto de lei proibindo os símbolos religiosos nas escolas, para proteger a separação do Estado da religião. Os alunos ainda terão permissão de usar símbolos discretos de fé, como pingentes islâmicos, a estrela de David ou pequenas cruzes. Chirac pediu ao Parlamento que aprove o projeto em tempo para o ano escolar 2004-2005, que começa em setembro. O presidente francês também propôs dar aos presidentes das empresas o direito de decidir se símbolos religiosos podem ser usados no trabalho. A lei proibiria ainda que pacientes se recusassem a ser tratados por médicos do sexo oposto. Os manifestantes, cantando a Marselhesa e empunhando bandeiras francesas, gritavam "Amada França, onde está minha liberdade?" e outros slogans. Para os manifestantes, as medidas propostas estigmatizarão os muçulmanos. Estes acham que o quipá e o cruxifixo, de uso muito mais limitado, foram incluídos apenas para justificar a proibição do véu. Influentes religiosos muçulmanos conclamaram os fiéis a usarem sua influência política e econômica na França para combaterem o projeto de lei, enquanto o principal líder religioso da Síria pediu ao presidente Chirac que reconsidere sua posição, lembrando a tradição francesa de coexistência de religiões e nacionalidades.

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