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Alemanha fatura politicamente com crise afegã

Por Agencia Estado
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A formação de um novo governo do Afeganistão, apesar dos problemas que enfrentará, já fez um vitorioso: a Alemanha. As negociações em Bonn nas últimas duas semanas possibilitaram ao país elevar seu perfil diplomático e político como poucas vezes havia feito desde o final da Segunda Guerra Mundial. "Grande parte das negociações foi conduzida pelas Nações Unidas, mas coube um papel relevante aos alemães, que foi o de criar as condições políticas necessárias para que as conversações ocorressem", afirma um funcionário da ONU, que retornou, nesta quinta-feira, a Genebra, depois de duas semanas em Bonn. Um dos desafios da política externa alemã tem sido equiparar a influência diplomática, que perdeu desde 1945, com o poderio econômico que caracteriza o país, principalmente na segunda metade do século 20. Para analistas, a Alemanha está aproveitando a crise afegã para começar a mudar seu perfil. Cerca de 90 mil afegãos vivem no território alemão e, desde a década de 60, o país sempre cooperou com programas sociais no Afeganistão. "O que Berlim quer agora é traduzir essa relação em uma dimensão política", avalia um especialista europeu, que lembra que a Alemanha é uma das candidatas a uma cadeira permanente em uma futura ampliação do Conselho de Segurança da ONU. De fato, além da conferência em Bonn, a Alemanha convocou nesta semana os principais doadores internacionais para outra reunião em Berlim. O objetivo, desta vez, era organizar a assistência humanitária ao Afeganistão. Diplomatas alemães insistem em que, apesar da responsabilidade de reconstruir o país ser da ONU, Berlim não economizará esforços para ajudar no processo. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Joschka Fischer, anunciou também que o país irá destinar 80 milhões de euros ao Afeganistão. Apesar das tentativas da Alemanha de sair do conflito no Afeganistão com outro status diplomático no cenário internacional, poucos podem prever o que ocorrerá na estrada entre Bonn e Cabul, principalmente quando a operação militar não está nas mãos dos alemães, mas com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Leia o especial

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