Alemanha ordena detenção de membros da CIA

Acusados de seqüestro, supostos agentes da Central de Inteligência dos EUA prenderam e torturaram um cidadão alemão de origem libanesa em 2003

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Por Agencia Estado
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A Procuradoria de Munique ditou uma ordem de detenção contra treze supostos membros da CIA acusados de envolvimento no seqüestro do cidadão alemão de origem libanesa Khaled al-Masri. Um porta-voz da Procuradoria confirmou assim as informações antecipadas pela emissora "NDR", segundo as quais as treze pessoas são acusadas de "seqüestro e grave lesão corporal". Masri foi detido, segundo seu próprio testemunho, em 31 de dezembro de 2003, ao entrar na Macedônia, pela Polícia desse país. Semanas depois, ele foi entregue a agentes da Agência Central de Inteligência (CIA). Os agentes, segundo Masri, o levaram para uma prisão do Afeganistão, onde passou cinco meses e foi torturado até ser libertado na Albânia, em 28 de maio de 2004. Seu caso faz parte do sumário relacionado com os vôos secretos da CIA, que está sendo alvo de investigação no Parlamento alemão. Segundo a rede de rádio e televisão pública alemã "NDR", a maioria dos acusados vive no estado da Carolina do Norte (EUA). O programa de televisão "Panorama" desta rede tinha confrontado, em setembro, três dos acusados com as acusações, mas os três homens se negaram a fazer qualquer declaração. A rede de televisão tinha tido acesso aos nomes depois que a Guarda Civil espanhola forneceu à Procuradoria de Munique uma lista com os nomes dos agentes, que, um dia antes do seqüestro na Macedônia, passaram uma noite em um hotel de luxo de Palma de Mallorca. Trata-se da tripulação do Boeing 737 com matrícula "N313P" que deixou Mallorca em 23 de janeiro de 2004 e deteve Masri na Macedônia. As pessoas se apresentaram aparentemente com nomes falsos, mas existem imagens de seus rostos, porque o hotel fez cópias de seus passaportes. O programa informou em setembro que a Guarda Civil conseguiu identificar três destas pessoas. Segundo estas fontes, o encarregado extraordinário do Conselho da Europa para o caso dos vôos secretos, o suíço Dick Marty, mencionou os nomes no relatório que apresentou em 7 de junho. O programa "Panorama" assegurou que os três homens identificados trabalham na companhia Aero Contractors, sucessora da Air America, que até a década de 1970 operava como companhia aérea secreta da CIA.

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