Alemanha tenta coibir terror neonazista

Atividade de grupos violentos preocupa mais do que popularidade de partidos de direita no país

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Por Luiz Raatz
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Ao contrário de outros países da Europa Ocidental, onde partidos populistas de direita têm crescido na última década, na Alemanha não há o mesmo apoio a legendas radicais, como na Holanda, França e Áustria. A principal ameaça extremista na maior economia europeia são pequenos grupos neonazistas que executam ações armadas. Nesta semana, um estudo divulgado por um grupo de analistas independentes nomeado pelo Parlamento alemão revelou que a aceitação do antissemitismo, da extrema direita e da islamofobia cresceu no país nos últimos anos. No fim de 2011, a polícia alemã desbaratou uma célula terrorista neonazista suspeita de ter matado ao menos dez pessoas, entre 2000 e 2007, a maioria alemães de origem turca. O grupo Subterrâneo Nacional Socialista também é suspeito de 14 roubos a bancos.Nos últimos dois meses, quatro membros do grupo foram presos. Um deles era ligado ao Partido Nacional Democrático (NPD), o principal partido de extrema direita da Alemanha. "Essas células neonazistas representam um perigo muito maior do que os partidos populistas, que têm mais apoio, mas não são partidários da violência", diz o pesquisador britânico Jamie Bartlett, do Instituto Demos. Para ele, no entanto, a herança histórica do nazismo coíbe o crescimento desses grupos. "Algumas pessoas têm receio de abraçar a herança histórica que esses grupos têm orgulho de ostentar", afirma. Para o sociólogo alemão Joerg Forbrig, do instituto German Marshall Fund, esses grupos se aproveitaram do caráter federalista do país para se infiltrarem e cometerem crimes de ódio contra minorias étnicas. "A principal preocupação na Alemanha hoje é descobrir como esses grupos puderam agir nas sombras por tanto tempo", diz. "Os serviços de inteligência aqui são muito fragmentados e, agora, o governo está tentando melhorar isso."Ciganos. Outro país europeu onde a extrema direita cresceu é a Hungria. Ali, no entanto, a minoria perseguida não é de muçulmanos ou judeus, mas de ciganos. " A comunidade cigana na Hungria tem sofrido ao longo da história com a estigmatização e o preconceito", afirma Forbrig. "Eles foram escolhidos pela extrema direita como alvo."

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