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Aliados e adversários reagem com cautela a anúncio de Bush

Por Agencia Estado
Atualização:

A Rússia, a exemplo de outros países europeus, reagiu hoje com cautela ao anúncio de terça-feira do presidente americano, George W. Bush, de levar adiante seu compromisso de campanha de construir um escudo antimísseis. Embora tivesse evocado a importância do Tratado de Mísseis Antibalísticos (ABM) de 1972, que garantiu o equilíbrio nuclear estratégico entre Washington e Moscou durante a guerra fria, o chanceler russo, Igor Ivanov, elogiou a intenção manifestada por Bush de não adotar medidas unilaterais. "É extraordinariamente importante que a administração dos EUA esteja de acordo em inaugurar uma etapa de consultas bilaterais e multilaterais sobre o conjunto de problemas de segurança estratégica em todo o mundo", disse Ivanov. Até agora, Moscou vinha resistindo com vigor aos pedidos americanos para revisar o ABM e permitir a instalação do escudo antimísseis. Funcionários europeus expressaram alívio pelo fato de Bush não ter simplesmente anunciado a retirada dos EUA do ABM. Ao mesmo tempo, a agência russa Itar-Tass noticiou "um bem-sucedido ensaio de um míssil antimíssil de novíssima tecnologia realizado numa área da Ásia Central". A agência acrescentou apenas que o novo dispositivo visa a "aperfeiçoar o sistema russo de defesa contra foguetes". A reação menos positiva ao anúncio de Bush veio da China, que, ao lado da Rússia, liderava a pressão internacional contra o escudo americano, que recebeu o nome oficial de Defesa Nacional Antimísseis (DNA). "O plano americano de defesa antimísseis viola frontalmente o Tratado ABM, destrói o equilíbrio internacional de forças de segurança e poderá provocar uma nova corrida armamentista", comentou a agência de notícias oficial Nova China. Além de superar as resistências externas ao sistema de defesa, outro desafio de Bush será o de convencer o dividido Congresso americano sobre a necessidade de se instalar o sistema, cujos custos estimados mais conservadores são da ordem de US$ 60 bilhões. Vários congressistas democratas, que em princípio não se opõem à idéia de instalar um sistema de defesa, manifestaram ceticismo sobre a concepção do projeto anunciado por Bush, de instalar foguetes antimísseis em terra, mar e ar - e, talvez, do espaço. O senador democrata Carl Levin, integrante da Comissão das Forças Armadas do Senado afirmou que a decisão de Bush "poderá resultar numa nova guerra fria, a guerra fria II".

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