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Aliados europeus reagiram positivamente a discurso de Bush

Por Agencia Estado
Atualização:

As nações européias reagiram positivamente ao pronunciamento do presidente George W. Bush enumerando as razões pelas quais o Iraque representa um perigo para o mundo e deixando claro que "ação será inevitável" caso esse país não cumpra as resoluções do Conselho de Segurança (CS) da ONU. De modo geral, os líderes elogiaram a decisão do governo americano de levar a questão à ONU em vez de agir unilateralmente (embora tenha ficado implícito no pronunciamento de Bush que os EUA poderão atacar se o CS não forçar o Iraque a cumprir suas resoluções). "O que foi positivo em seu discurso é que futuras ações serão fundamentadas na ONU", observou o primeiro-ministro da Noruega, Kjell Magne Bondevik. O mundo árabe, fortemente contra uma intervenção militar, recebeu o discurso com preocupação. O chanceler do Catar, um dos mais firmes parceiro dos americanos no Golfo Pérsico, insistiu em que uma guerra contra o Iraque na região desestabilizaria todo o Oriente Médio. Nos países árabes os meios de comunicação têm questionado o empenho de Bush em pressionar o Iraque a cumprir resoluções da ONU pelo fato de Israel também não ter cumprido determinações do CS no conflito com os palestinos. "Todo mundo que quer paz e estabilidade no mundo vai respeitar a organização mundial (ONU)", declarou na Cidade do Cabo o ex-presidente sul-africano, Nelson Mandela, que no início da semana definira a atitude unilateral dos EUA como "uma ameaça para o mundo". Mandela exortou o governo americano a agir somente por meio da ONU e, respondendo a uma indagação de jornalistas, disse acreditar que um ataque ao Iraque possa minar a paz mundial. "É claramente uma decisão motivada pelo desejo de George W. Bush de agradar às indústrias armamentista e petrolífera dos Estados Unidos", comentou esta semana Mandela, em artigo na revista americana Newsweek. A Grã-Bretanha, o mais firme aliado dos EUA em seus planos de um ataque ao Iraque, se mostrou disposta a cooperar com os EUA e aliados no CS para elaborar "mais amplas resoluções sobre o Iraque". O chanceler Jack Straw se negou a precisar quando o texto estaria pronto, mas enfatizou que o "assunto é urgente". A União Européia (UE) concordou com a posição dos EUA de que o CS deve tratar do caso de forma imediata porque o governo iraquiano não tem cumprido as resoluções para o desarmamento. Horas antes do discurso, o primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen - país que exerce a presidência rotativa da UE - havia dito em seu país que uma resolução da ONU poderia não ser necessária para o lançamento de um ataque liderado pelos EUA, reportou a agência dinamarquesa Ritzau. "Saddam Hussein (o líder iraquiano) já violou muitas resoluções e obviamente isso deve ter conseqüências", afirmara, argumentando que as resoluções existentes já são suficientes para justificar uma intervenção. O pronunciamento não fez o chanceler alemão, Gerhard Schroeder voltar atrás em sua oposição a uma ação militar. "Baseado no que sei, e nada mudou minha opinião, a Alemanha não vai tomar parte em nenhuma intervenção militar contra o Iraque no meu governo", disse, em um evento da campanha eleitora. O chanceler francês, Dominique de Villepin, explicou que a posição de seu país é a de "atuar por fases". A primeira seria a aprovação de uma resolução do CS exigindo que o Iraque aceite "sem demora e sem condições", o regresso dos inspetores de armas de destruição em massa no país; a segunda, o exame de todas as opções pelo CS caso Bagdá não cumpra a petição. "A França não exclui nenhuma opção", frisou. Mas ele enfatizou que o retorno dos inspetores da ONU, e não a derrubada de Saddam, deve estar no centro da ação internacional contra o Iraque.

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