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Aliança do Norte diz que aceita transferência de poder

Por Agencia Estado
Atualização:

Sob intensa pressão internacional e apesar de várias pendências, os grupos étnicos, políticos e religiosos afegãos removeram hoje o que parece ser o último obstáculo para a formação de um governo transitório pós-Taleban para o Afeganistão: chegaram a um entendimento com o autoproclamado presidente afegão, Burhanuddin Rabbani (que está em Cabul) sobre a composição de um novo governo apoiado pela ONU. A Aliança do Norte, da qual Rabbani é um dos principais líderes, concordou em apresentar uma lista com os nomes dos indivíduos que o grupo pretende incluir num governo pós-Taleban e disse estar preparada para aceitar a formação um conselho interino apoiado pela ONU e a presença, em território afegão, de uma força internacional de segurança. "Estamos estudando a fórmula sugerida como uma das opções. Poderia levar a um acordo", disse o porta-voz da ONU, Ahmed Fawzi. Os participantes disseram que o pacto poderá limitar-se à formação de um órgão executivo pequeno, e excluir no momento um Conselho Supremo maior, com faculdades legislativas. Anteriormente, Rabbani dissera que concordava com a forma da administração interina - de estilo parlamentarista. Mas discordava de dois itens fundamentais: a formação do conselho e os planos da ONU para o envio de uma força da paz ao país. O autoproclamado presidente afegão permitia a presença em território afegão de no máximo 200 capacetes-azuis. Mas, aparentemente, mudou de posição em conseqüência de pressões internacionais e do próprio chefe da delegação da Aliança do Norte, Yunus Qanooni (expoente da ala jovem da frente), para a obtenção de um acordo ainda neste sábado. No palco da guerra, a Força Aérea americana bombardeou intensamente na noite de sexta-feira e na madrugada de hoje alvos militares em Kandahar, principal reduto do Taleban e de seu líder, Mohammad Omar. O fogo foi concentrado no aeroporto da cidade, controlado pelas forças talebans. Segundo a agência noticiosa taleban AIP, alguns mísseis caíram sobre a estrada que liga Kandahar a Spin Boldak (perto da fronteira paquistanesa), matando pelo menos 30 civis. A milícia integrista anunciou, por outro lado, a derrubada de um avião americano. "Neste sábado, aviões americanos bombardearam intensamente o aeroporto de Kandahar e durante essa ação um aparelho americano caiu, atingido pela artilharia taleban", informou a agência noticiosa afegã. A AIP acrescentou que um comando suicida taleban matou cinco soldados americanos na Província de Kandahar, reproduzindo reportagem de um jornal do Baluchistão. Essas informações foram prontamente negadas pelo Departamento da Defesa dos Estados Unidos, em Washington. "Os talebans voltam a adotar a mesma tática anterior, divulgando muitas informações infundadas", reagiu o porta-voz do Pentágono, capitão Mike Halbig. Ainda de acordo com a agência noticiosa afegã, os 30 civis estavam em cinco ônibus, um automóvel e quatro tratores que se deslocavam para a fronteira paquistanesa, quando apareceram os aviões americanos. Os intensos ataques aéreos americanos à região de Kandahar foram confirmados pelos taleban. Os aviões americanos dirigiram seus mísseis contra objetivos da Al-Qaeda (rede terrorista do saudita Osama bin Laden) nas áreas montanhosas que circundam a cidade Em meio a esse quadro, forças terrestres de grupos pashtuns apertaram o cerco a Kandahar e estariam negociando a sorte da cidade com o Taleban. Essas forças estariam acampadas a apenas 25 quilômetros de distância, prontas para lançar um grande ataque. No Cairo, o ex-chefe do serviço secreto do Taleban e ex-vice-ministro do Interior Haji Mullah Kakshar assegurou ontem que a Al-Qaeda é mesmo responsável pelos ataques de 11 de setembro contra o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, que deixaram quase 4 mil mortos. Kakshar aderiu à Aliança do Norte logo após a queda de Cabul.

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