
21 de agosto de 2011 | 00h00
Oficialmente, o governo marroquino diz-se empenhado em reformar a Constituição e afrouxar o regime - um "modelo marroquino" de saída negociada aos protestos. A adesão ao CCG, garante Rabat, teria apenas caráter econômico, pois países como Catar e Emirados Árabes são grandes investidores no Marrocos.
Nizar Messari, professor da universidade marroquina de Al-Akhawayn, recusa a versão oficial. "Não há dúvida de que o convite do CCG ao Marrocos está ligado à instabilidade da rua árabe", afirma (mais informações na pág. 20). Grande parte da imprensa marroquina viu a adesão como um "retrocesso", diz Messari, especialmente por causa do papel de Riad e Abu Dabi na repressão no Bahrein.
A estratégia do clube do Golfo seria a mesma para a Jordânia. "É preciso ver esses convites a Rabat e Amã como uma ação preventiva. O CCG entendeu que na Tunísia e no Egito agiu tarde demais e agora quer fortalecer os regimes marroquino e jordaniano antes que os protestos possam escalar", diz Mouin Rabani, analista político da Jordânia.
Quando ficou claro que os EUA não bancariam até o fim aliados como o egípcio Hosni Mubarak, o CCG - sob a liderança saudita - passou a exercer uma diplomacia mais assertiva na primavera árabe. "A queda de Mubarak, nesse sentido, foi a "anti-Guerra do Golfo": em 1991, os EUA colocaram-se como último garantidor dos regimes aliados na região, diante da ameaça de Saddam Hussein. Agora, pelo menos por enquanto, Washington deixou de ser vista assim."
Por trás das ações do clube do Golfo, há ainda uma política ativa de contenção da influência do Irã. Aos olhos das monarquias - todas sunitas -, uma dos grandes beneficiárias da primavera árabe é Teerã, que viu cair o inimigo histórico no Cairo e xiitas se insurgirem contra a monarquia sunita no pequeno Bahrein.
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