Alpinista amputa o próprio braço durante escalada

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Por Agencia Estado
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O alpinista americano Aron Ralston sempre foi conhecido por seu sangue frio. Nunca, porém, poderia imaginar que teria de amputar o próprio braço para salvar a vida, depois de uma pedra tê-lo prendido durante uma escalada. "Nunca vi tanta vontade de viver", frisou Steve Swanke, um guarda florestal do Colorado que acompanhou o alpinista ao hospital onde, segundo os médicos, Ralston permanece em estado grave. "Ele teria morrido se tivesse ficado com o braço preso à rocha", disse o sargento Mitch Vetere, bombeiro do condado de Emery, à rede de televisão NBC. Vetere disse que outros dois membros da equipe de resgate que voltaram ao cânion com a esperança de recuperar a parte do braço amputado descobriram que a pedra pesava quase meia tonelada, e não cerca de 90 quilos, como se supunha. A aventura de Ralston, de 27 anos, teve início no sábado quando resolveu escalar sozinho o Cânion Blue John, vizinho ao Parque Nacional Canyonlands, no extremo sul do estado americano de Utah. Nos primeiros quilômetros da escalada, porém, uma pedra caiu sobre seu braço direito, impedindo que ele se movesse. Sem qualquer possibilidade de contato com a polícia florestal, Ralston resistiu até terça-feira, quando bebeu a última gota d´água do cantil. Vendo diminuírem suas esperanças de ser resgatado, na quinta-feira ele tomou uma decisão drástica: amputar o braço, na altura do cotovelo, e aplicar um torniquete para evitar o sangramento. Após os primeiros cuidados pós-operatórios, instalou as argolas e as cordas para descer a montanha até o fundo do cânion. Caminhou rio abaixo e foi detectado por volta das três da tarde de ontem por um helicóptero da Segurança Pública. As buscas a Ralston haviam começado nessa mesma manhã, depois que as autoridades foram avisadas de que ele não havia aparecido no trabalho nos últimos quatro dias. "As expedições de Ralston freqüentemente nos deixavam assombrados", comentou Brion After, gerente do estabelecimento Ute Mounteneering, de Aspen, onde o jovem trabalhava. Segundo After, Ralston já escalou os 49 mais altos picos do Colorado, a 4.270 metros sobre o nível do mar. As autoridades o descreveram como um aficionado das atividades ao ar livre e capaz de manter um excepcional estado físico até o acidente. A equipe de resgate procurou manter Ralston acordado durante os 12 minutos que durou o vôo até o hospital em Mohab. Chegou caminhando à sala de emergência. Posteriormente, foi transferido para o hospital de Grand Junction.

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