Um alto funcionário das Nações Unidas afirmou que seu ex-vice tentou buscar apoio dos EUA para forçar o presidente afegão, Hamid Karzai, a deixar o cargo. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 17, pelo jornal americano The New York Times.
Segundo o Times, Kai Eide, principal funcionário da ONU no Afeganistão, acusou seu vice norte-americano, Peter Galbraith, de tentar realizar "uma missão secreta em Washington", a fim de obter apoio para a queda de Karzai.
VEJA TAMBÉM: |
Especial: 30 anos de violência e caos no Afeganistão |
Houve eleições no Afeganistão em agosto, manchadas por centenas de denúncias de fraudes. Conforme as alegações de fraude tornavam-se muito numerosas para passarem em branco, a ONU e nações do Ocidente começaram a perder as esperanças de que a votação desse ao governo afegão legitimidade.
Galbraith, que deixou o cargo abruptamente em setembro e foi demitido semanas depois, disse que foi forçado a sair do posto, após divergir de Eide sobre como lidar com a crise. Galbraith acusou seu ex-chefe de encobrir o nível das fraudes eleitorais.
Já o Times, citando uma carta escrita por Eide e entrevistas com funcionários dos EUA e da ONU, afirmou que os dois discordaram sobre o plano de Galbraith para substituir Karzai. Segundo a carta divulgada pelo Times, Eide afirmou que seu vice disse a ele que se encontraria com o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, para discutir a questão.
O Times afirmou que Galbraith buscava substituir Karzai, que favorece há tempos os governos ocidentais, ou por Ashraf Ghani, um ex-ministro das Finanças, ou por Ali Jalili, um ex-ministro do Interior.
Galbraith disse ao jornal que nunca desenvolveu uma proposta completa sobre o tema, nem sugeriu qualquer medida inconstitucional. Ele também negou que esse tenha sido o motivo para a demissão.
Já Vijay Nambiar, chefe-de-gabinete do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a proposta era conhecida. O fato de ela ter enfurecido Karzai foi "um dos vários motivos" para a demissão de Galbraith, na versão de Nambiar.
Aparentemente, o plano não foi apoiado em Washington. Uma porta-voz da embaixada norte-americana em Cabul afirmou que o plano foi rejeitado por um membro da equipe de Biden. Segundo essa fonte, o encontro entre o Galbraith e o vice-presidente nem chegou a ocorrer.