Ambigüidade de Chirac sugere apoio aos EUA

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Por Agencia Estado
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O presidente Jacques Chirac reafirmou que a França pretende respeitar, até o fim, as decisões adotadas pelo Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e uma eventual ofensiva contra o Iraque só ocorreria como última opção. O CS, desde o dia 1º presidido pela França é, a seu ver, o local mais adequado para proceder ao indispensável desarmamento do Iraque. Essas declarações foram feitas durante uma tradicional cerimônia de votos de início de ano que reuniu todo o corpo diplomático representado em Paris. Um pouco mais cedo, em cerimônia idêntica, mas reunindo os representantes das Forças Armadas francesas, o presidente da República havia feito um discurso diverso, solicitando aos militares que se mantenham preparados "para qualquer eventualidade", numa alusão direta à possibilidade de uma associação a um ataque anglo-americano contra Bagdá. O presidente propôs, ao mesmo tempo, um novo debate no Parlamento, buscando associá-lo à posição governamental, o que não será difícil, pois lá ele dispõe de ampla maioria. A ambigüidade das declarações presidenciais causou reações imediatas e divergentes no país. O chefe do grupo parlamentar da oposição socialista, Jean-Marc Ayrault, acusou o chefe de Estado de ter se alinhado "às posições do presidente George W. Bush", dos Estados Unidos. Os socialistas recusam-se a participar de uma união a favor da participação francesa na guerra. Também o ex-ministro da Defesa e candidato a presidência da república, Jean-Pierre Chevènement, lembrou que a França tem tudo a perder e nada a ganhar se participar de uma guerra preventiva contra o Iraque. Já o porta-voz do Ministério da Defesa, Jean-François Bureau, explicou que no estado atual a França não está preparada como os EUA e a Grã- Bretanha para agir militarmente, mesmo porque a prioridade de seu governo não é a solução bélica, mas sim a política, privilegiando as decisões do CS. Diante dos militares e na presença do primeiro ministro Jean-Pierre Raffarin, o presidente fez um discurso mais belicista, lembrando que todos devem acompanhar de perto a forma como Saddam Hussein está aplicando a Resolução 1.441 da ONU.

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