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Ameaças contra sírios que falaram com observadores preocupam ONU

Opositores dizem ter sido atacados por governo após visita de observadores internacionais

Por BBC Brasil
Atualização:

DAMASCO - O enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan, afirmou nesta terça-feira, 24, estar "profundamente preocupado" com relatos de que dissidentes sírios teriam sido ameaçados ou mortos por forças do regime após falarem com a equipe de observadores do organismo.

 

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Veja tambeém:linkAo menos 17 morrem no país apesar de missãolinkCarro-bomba explode em Damasco e fere trêslinkBrasileiro diz que ONU foi bem recebida em HomsSegundo seu porta-voz, Ahmad Fawzi, Annan deu a declaração após opositores do presidente Bashar al-Assad afirmarem que cerca de 50 pessoas foram assassinadas em Hama na segunda-feira, um dia após os observadores visitarem a cidade. O opositor do governo Mousab al-Hamadi disse em entrevista a Associated Press que a ofensiva em Hama foi uma punição do regime contra dissidentes que gritaram: "Vida longa à Síria. Abaixo Assad", durante a passagem dos observadores. "Esses observadores trouxeram a destruição. Todas as áreas que eles visitam são atacadas pelo regime. É uma tragédia", disse outro opositor. Em Daraa, dissidentes também acusaram as forças de segurança do regime de usar gás lacrimogênio e disparar contra manifestantes logo após uma passagem dos representantes da ONU pela região. Retaliação Para analistas, o ataque a Hama também pode ser uma retaliação do regime ao assassinato de um oficial do Exército sírio e de seu ajudante na região. Segundo a organização opositora Observatório Sírio de Direitos Humanos, a dupla foi atingida por disparos quando estava dentro de um carro em Hama, antes da ofensiva do governo na segunda-feira. O governo justificou a ação militar afirmando que forças de segurança "perseguiram grupos terroristas armados" que vinham matando moradores da região. A rede de TV árabe Al Jazeera afirmou nesta terça-feira que ao menos outras 21 pessoas foram assassinadas em ataques à cidade de Idlib, no norte do país. Já em Damasco, três integrantes do serviço de inteligência do governo sírio foram assassinados, segundo o opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos. Em outro ataque, uma bomba foi detonada em um carro no bairro de Marjeh, na capital, ferindo três pessoas. A agência de notícias estatal SANA afirmou que o atentado foi realizado por "terroristas". Retirada Annan também afirmou que imagens de satélite e relatórios "confiáveis" revelaram que - contrariando o acordo de cessar-fogo -, o regime sírio não retirou armamentos pesados dos principais centros urbanos do país. Falando ao Conselho de Segurança da ONU, Annan classificou a situação como "inaceitável" e solicitou à Síria que cumpra integralmente os termos do acordo de paz. Contudo, ao contrário do que ocorre em Hama e Idlib, o cessar-fogo está sendo cumprido em Homs, segundo o correspondente da BBC em Beirute, Jim Muir. No último sábado, observadores da ONU instalaram no local um posto permanente de observação. Em entrevista à BBC Brasil, o capitão de mar-e-guerra brasileiro Alexandre Feitosa, um dos 11 observadores militares no país disse que a ONU foi bem recebida na cidade, tanto pelo governo como por opositores. Homs, de maioria sunita, foi um dos principais bastiões de resistência ao governo alauíta de Bashar al-Assad. Segundo Muir, a cúpula da ONU classifica o momento atual como "crucial" para o processo de pacificação. Para o organismo, a chegada ao país na próxima semana de cerca de 300 novos observadores mudará o cenário político e preparará o caminho para negociações sobre uma paz definitiva. Já a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, afirmou ao Conselho de Segurança que o regime sírio é conhecido por um histórico de fraudes, o que tornaria a missão dos observadores "particularmente arriscada e perigosa". Segundo a ONU, desde o início dos conflitos em março do ano passado, mais de 9 mil pessoas foram mortas no país.

 

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