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América Latina ainda está ausente da campanha nos EUA

Entre os principais pré-candidatos republicanos, só Mitt Romney, líder nas pesquisas, apresentou um plano para a região.

Por Alessandra Corrêa
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À medida que a campanha para as eleições presidenciais de 2012 nos Estados Unidos avança, fica cada vez mais clara a pouca atenção dada à América Latina pelos candidatos. Na noite desta terça-feira, quando os oito principais candidatos à indicação do Partido Republicano para concorrer à Presidência se reunirem para mais um debate, a política externa será um dos assuntos em debate, mas a região deverá ficar de fora das discussões. "É normal", disse à BBC Brasil o analista Peter Hakim, presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, com sede em Washington. "Em algum momento, os candidatos poderão fazer um discurso sobre a América Latina. Mas a região raramente aparece nos debates", afirma Hakim, que já acompanhou inúmeras campanhas presidenciais americanas. Romney Entre os principais candidatos à indicação do Partido Republicano para concorrer à Presidência, apenas Mitt Romney, o ex-governador de Massachusetts que aparece no alto das pesquisas de intenção de voto, apresentou um plano para a região. O próprio presidente Barack Obama, que concorre à reeleição, depois de quase três anos de uma política em relação à América Latina considerada decepcionante por muitos analistas, ainda não anunciou um novo projeto para a região nesta campanha. "Faltando pouco menos de um ano para as eleições presidenciais americanas, uma política coerente e sustentável em relação à América Latina continua ausente das campanhas e das estratégias de ambos os partidos (democrata e republicano)", diz o analista Robert Works em um artigo publicado pelo instituto progressista Council on Hemispheric Affairs (COHA). O próprio plano de Romney é considerado limitado por Works, "quase inteiramente dominado por interesses comerciais". O republicano propõe a criação da Campaign for Economic Opportunity in Latin America ("Campanha para Oportunidade Econômica na América Latina", ou CEOLA, na sigla em inglês), um organismo com o objetivo de promover a integração regional e um esforço de promoção comercial. "Mitt Romney pelo menos apresentou um ponto de partida para uma política externa do século 21, que provavelmente não irá a lugar nenhum", diz Works. Prioridades Nas poucas vezes em que a região é mencionada pelos outros candidatos, os interesses geralmente se restringem a Cuba, Venezuela, México e imigração - este último tratado muito mais como uma questão doméstica. O Brasil não aparece entre as prioridades nem dos republicanos nem do atual governo. A própria indicada de Obama para o cargo de Subsecretária de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, ignorou o Brasil ao citar suas prioridades em sabatina no Senado no início do mês. Jacobson substitui Arturo Valenzuela, que deixou o cargo de principal diplomata para a região criticado, já que apesar do otimismo gerado com a posse de Obama, a expectativa de que os Estados Unidos estabeleceriam uma relação mais próxima com a região acabou frustrada. Apesar de as mudanças no Departamento de Estado e a própria campanha presidencial terem sido vistas como uma oportunidade de dar novo rumo às relações, analistas não apostam em grandes mudanças, seja quem for o vencedor da votação de 6 de novembro de 2012. "Os Estados Unidos e a América Latina estão indo em direções opostas. Não há mais discussão em Washington sobre uma abordagem para a região", diz Hakim. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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