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Americano é condenado à prisão perpétua por espionar para Cuba

Mulher de ex-funcionário do governo também foi condenada; casal passou informações por décadas

Por BBC Brasil
Atualização:

WASHINGTON - Um ex-funcionário aposentado do departamento de Estado dos EUA de 73 anos foi condenado nesta sexta-feira, 16, à prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional, por ter espionado o país por décadas para Cuba.

 

Kendall Myers disse que foi motivado pela ideologia comunista e pela convicção de que o povo cubano se sentiria ameaçado pelos EUA em sua defesa para justificar as atividades secretas pelas quais er acusado.

 

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"Nosso objetivo era ajudar os cubanos a defender sua revolução. Esperávamos saber com antecedência (se ocorresse) conflito entre os dois países", disse ele.

 

Sua esposa, Gwendolyn, de 72 anos, também foi condenada, mas pegou seis anos e nove meses de prisão por ajudar nas atividades do marido. O juiz do caso, Reggie Walton, disse que o casal merecia uma severa punição por trair os EUA e se disse perplexo pelo fato de os dois declararem não ter consciência de estar prejudicando o país.  Encontro com Fidel Uma operação do FBI (Polícia federal americana) levou à prisão dos dois. Um agente disfarçado, fingindo ser um espião cubano, extraiu informações sobre suas atividades. Em 1978, um agente cubano teria contatado e cooptado os dois para que fornecessem informações para o governo do país. Myers ingressou no Departamento de Estado em 1977, quando começou a ter acesso a documentos secretos. Em 1982, casou-se com Gwendolyn. Ela trabalhava como analista em um banco em Washington e nunca recebeu permissão para acessar arquivos secretos. Documentos oficiais revelam que os métodos de espionagem usados por eles foram se modernizando com o tempo, começando com mensagens em código Morse enviadas por meio de ondas curtas. Quando se aposentaram, em 2007, eles enviavam e-mails encriptados de lan houses. Economia As informações transmitidas eram, em sua maioria, de natureza econômica. Os documentos dizem que o casal recebeu pouco dinheiro em troca das informações, prosseguindo como espiões por apoiarem o regime cubano. Certa vez, Myers teria sido agraciado com um encontro de mais de 4 horas de duração com o líder cubano, Fidel Castro. A investigação começou após uma análise do computador de Myers no Departamento de Estado ter indicado que ele acessou, entre 2006 e 2007, mais de 200 relatórios secretos sobre Cuba e que não teriam nenhuma relação com seu trabalho, ligado à Europa. O departamento de Estado não disse qual o prejuízo causado pela espionagem de Myers, mas especialistas ouvidos pelo jornal americano The Washington Post disseram que eles revelaram por anos informações secretas dos EUA e aliados, além de bancos de dados da CIA (agência de inteligência americana) e outros órgãos do país.

 

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