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Americanos enfrentam revoltas afegãs desde 2001

A violência da população afegã contra os americanos chega ao seu quinto ano

Por Agencia Estado
Atualização:

O protesto visto nesta segunda-feira no Afeganistão foram os mais violentos desde 2001, quando os Estados Unidos começaram suas incursões no país impondo sua "guerra contra o terror", em busca do terrorista Osama bin Laden. As manifestações se intensificaram quando o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, declarou apoio a uma eventual ação militar americana contra o Afeganistão, que recusava a entregar Osama bin Laden aos EUA. Musharraf argumentou que o apoio aos EUA a economia e as instalações nucleares de seu país seriam impulsionadas. Mesmo assim, ainda não existia uma violência evidente nas demonstrações públicas. Começam os protestos violentos Cerca de cinco dias após o inicio dos protestos anti-americanos o caos tomou conta do Afeganistão e ondas violentas varriam o país. Durante os protestos do dia 21 de setembro de 2001, três manifestantes morreram e outros três ficaram feridos. Em discursos contra o presidente dos EUA, George W. Bush, a população pró-taleban afirmava que "se os Estados Unidos querem uma cruzada" então a população estava "preparada para uma guerra santa". Mesmo com declarações do embaixador brasileiro no Paquistão, Abelardo Arantes, de que o clima na capital era de "normalidade", os 15 mil policiais em Karachi colocados em alerta máximo demonstravam o contrário. ´Holocausto Muçulmano´ Em 2003 começam as ações massivas dos Estados Unidos na fronteira do Afeganistão com o Paquistão. Já eram previstas ações americanas contra o Iraque e com isso o apoio do povo paquistanês ao governo de Saddam Hussein gerava cada vez mais violência. Na capital do Paquistão, Islamabad, manifestantes marcharam carregando cartazes com os dizeres "Terrorismo Americano" e "pare o holocausto contra os muçulmanos". Número de mortos aumenta O tempo não deu trégua ao povo afegão e com o passar dele o número de mortes aumentava a cada protesto. Em 2004, durante um protesto na cidade afegã de Herat, sete manifestantes morreram em choques com soldados afegãos e americanos. Os mortos faziam parte de um grupo de centenas de manifestantes que atearam fogo ao escritório da ONU e queimaram carros. A principal reinvidicação dos manifestantes era a restituição do administrador local, Ismail Khan, que foi um dos líderes de resistência contra a ocupação soviética, em 1979. Laços com os EUA Em 2005, mesmo sob protestos violentos que culminaram na morte de 16 pessoas e mais de 100 feridos, o presidente Bush firmou um acordo de cooperação com o Afeganistão em sua "guerra ao terror" e saudou o "renascimento da liberdade" no país. O país continuava em sua escalada de violência, com manifestantes tentando invadir organizações ocidentais e acusando o suposto desrespeito com que militares americanos teriam tratado o Corão durante interrogatórios na base americana de Guantánamo. O clímax da violência Os cinco anos de fogo brando das manifestações violentas chegaram, nestes últimos dias, ao seu ponto de ebulição. Nesta segunda-feira, um acidente de trânsito envolvendo soldados americanos no Afeganistão desencadeou um dos piores tumultos ocorridos em Cabul, fazendo centenas de manifestantes saquearem lojas e pedirem "morte à América". Soldados afegãos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) posicionaram-se ao redor da capital enquanto manifestantes protestavam em frente ao palácio presidencial, depredavam postos policiais e incendiavam viaturas. A sede do grupo assistencial CARE Internacional esteve entre os locais saqueados. Todos os protestos foram impulsionados por um acidente de trânsito, no qual três veículos militares americanos desencadearam um engavetamento que envolveu pelo menos 12 veículos civis na hora do rush. Logo em seguida, os soldados abriram fogo contra pessoas que começaram a atirar pedras. O tumulto começou nos bairros da zona norte de Cabul e logo se espalhou pela cidade. Testemunhas afirmam que pelo menos quatro pessoas foram mortas pelas forças americanas.

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