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Americanos estão cansados da guerra, reconhece Bush

Presidente destacou impopularidade da guerra no Iraque, onde mais de 3,2 mil soldados norte-americanos foram mortos desde a invasão, em março de 2003

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos EUA, George W. Bush, admitiu na quarta-feira, em um discurso proferido diante de soldados prestes a serem enviados ao Iraque, que os norte-americanos estão cansados da guerra no país árabe e defendeu sua decisão de enviar mais militares para o território iraquiano. Dezenas de soldados, alguns ao lado de parentes, mantiveram-se em silêncio e sentados à mesa de almoço enquanto Bush falava, na base militar de Fort Irwin (Califórnia), onde atores norte-americanos de origem iraquiana treinam os militares para que compreendam as diferenças culturais a serem encontradas no Iraque. "Essa é uma guerra dura", afirmou Bush, com uma voz tranquila. "O povo americano está cansado dessa guerra." Os comentários do presidente chamam atenção para a impopularidade da guerra, na qual mais de 3.200 soldados norte-americanos foram mortos, enquanto Bush tenta convencer o Congresso do país, liderado pelos democratas (oposição), a aprovar um fundo de US$ 100 bilhões para custear as guerras no Iraque e no Afeganistão sem a necessidade de um cronograma de retirada. Defendendo sua decisão de enviar mais 30 mil militares para o território iraquiano, o presidente afirmou querer tornar Bagdá um local estável, evitando a disseminação do conflito pela região, algo que poderia colocar em perigo Israel, um importante aliado dos EUA. "Tinha uma escolha a fazer", disse Bush. Vários dos soldados que ouviam em silêncio o presidente integram unidades que devem ser enviadas ao Iraque em breve para substituir outras cujo período de permanência ali terminou. Bush retomou suas críticas contra os democratas devido aos esforços desses de condicionar a aprovação do fundo à fixação de um cronograma prevendo a retirada das forças norte-americanas. Os que tentam impor uma data limite para a retirada são "pessoas de excelente qualidade" e patrióticas, afirmou. Mas "não podemos permitir que divergências honestas surgidas em Washington" prejudiquem os soldados, disse o presidente. Uma pesquisa divulgada no último final de semana pela revista Newsweek afirmou que 57 por cento dos norte-americanos davam apoio aos democratas em seu plano de iniciar a retirada dos soldados e que 36 por cento eram contrários a esse plano. "Nossos soldados, as famílias deles e o povo americano não podem mais arcar com um comprometimento de prazo ilimitado responsável por manter nossos soldados no meio de uma guerra civil", afirmou Howard Dean, presidente do Comitê Democrático Nacional. Antes de discursar, Bush deu uma volta pela base, onde foram construídas 12 réplicas de vilarejos iraquianos a fim de que os soldados tomem lições sobre a cultura do Iraque.

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