Americanos gastam milhões em propaganda eleitoral negativa

Analistas políticos acreditam que anúncios negativos funcionam melhor porque despertam mais os eleitores do que as opiniões positivas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Em meio a uma acirrada corrida eleitoral que determinará uma nova composição para o Congresso dos Estados Unidos, os partidos políticos americanos já gastaram US$ 160 milhões em anúncios que atacam outros candidatos e apenas US$ 17 milhões em propaganda para promover uma imagem positiva. Isso representa, grosso modo, somente US$ 1 gasto com mensagens positivas para cada US$ 10 investidos em mensagens negativas. A mensagem por trás de números tão dispares só pode ser uma: não vote no candidato; vote contra o seu oponente. Propaganda negativa é a moeda de troca do reino da política. Com apenas sete dias sobrando para a campanha das eleições de 7 de novembro, eleitores continuarão a ser bombardeados pela televisão, pelos correios e pelo telefone enquanto estrategistas políticos ampliam seus argumentos para fazer a cabeça dos indecisos. Em jogo estão todos os 435 assentos na Câmara dos Representantes, 33 cadeiras no Senado, 36 governos e muitos gabinetes estaduais e locais. Os democratas esperam abocanhar as 15 cadeiras na Câmara e as seis no Senado que precisam para controlar o Congresso. Os gastos com propaganda na campanha congressista desse ano é 54% maior do que era no mesmo período das eleições de 2004, de acordo a dados compilados pela Comissão Eleitoral Federal. É também bem mais negativo. Em 2004, os partidos gastaram cerca de US$ 6 em anúncios a favor de candidatos para cada U$ 5 gastos para se opor a candidatos. E o limite da negatividade vai para o Partido Republicano, que torrou US$ 87,5 milhões contra candidatos democratas. O Partido Democrata, por sua vez, gastou altos US$ 72,6 milhões para atacar os republicanos. "Anúncios negativos só funcionam em duas situações: quando você está incrivelmente desesperado ou quando você está incrivelmente perto do fim", disse Ray Seidelman, um professor de política da Faculdade Sarah Lawrence que tem estudado propaganda política e reviravoltas eleitorais. Uma análise feita pelo Centro de Política Pública de Annenberg, da não-partidária FactCheck.org, concluiu que anúncios negativos feitos pelo Comitê de Campanha do Partido Republicano tinham uma "visível tendência a serem insignificantes e pessoais". Enquanto isso, as campanhas pessoais dos candidatos estão, no geral, fazendo propagandas mais positivas e auto-promocionais. Estrategistas e analistas políticos geralmente concordam que anúncios negativos funcionam melhor porque opiniões negativas despertam mais os eleitores do que as positivas. "Mas funciona somente de uma forma reduzida", disse Seidelman. "No longo caminho, o que isso faz é criar uma tremenda quantidade de desconfiança no processo eleitoral".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.