AMIA critica lentidão na investigação de atentado

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Por ARIEL PALACIOS e CORRESPONDENTE
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Nesta quarta-feira, às 9:53 horas uma sirene ecoou pelo bairro de Balvanera, ao lado do centro da capital argentina, para recordar os 85 mortos do atentado terrorista realizado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), ocorrido há 18 anos, no dia 18 de julho de 1994. Na rua Pasteur, onde a explosão arrasou o edifício da entidade judaica, milhares de pessoas reuniram-se para homenagear as vítimas do atentado. O presidente da AMIA, Guillermo Borger - único orador do evento - acusou a Justiça de lentidão na investigação do caso"Não existe uma única pessoa processada! A Justiça ainda não levou Carlos Telleldín (que teria vendido o veículo usado como carro-bomba) a julgamento oral e público. Não há pistas novas que permitam esclarecer de forma definitiva a conexão local". Segundo Borger, "a passagem do tempo é um obstáculo crescente para o descobrimento da verdade". Ele também destacou que "não existe uma pista nova sequer nas investigações...é imprescindível para a AMIA, para os parentes das vítimas e para a própria ''saúde'' da República que se investigue o encobrimento das pistas. Sem a ajuda da Interpol, os culpados continuarão livres e gozando de nossas caras". Segundo ele, é preciso descobrir quais integrantes do governo argentino da época (do presidente Carlos Menem) encobriram pistas. O presidente da AMIA disparou fortes críticas "ao governo teocrático do Irã", suspeito de ter ordenado o atentado, em coordenação com o Hezbollah: "o Irã coloca em perigo o mundo com seu programa nuclear". Para especialistas que investigam o caso há uma década e meia, além dos parentes das vítimas e representantes da comunidade judaica, existe mais de uma hipótese sobre o atentado. A primeira pergunta é "quem é o responsável?". Os olhares de suspeita que buscam um culpado no exterior se concentram nos países muçulmanos. Mas, ao contrário do que costuma acontecer, nenhum grupo fundamentalista jamais assumiu explicitamente a autoria do ataque. A Justiça em Buenos Aires acusa o Hezbollah, que teria agido na Argentina com o apoio da Embaixada do Irã. Mas outros não descartam que teriam sido terroristas vinculados aos governos da Síria ou Líbia. Outras teorias indicavam que os culpados seriam argentinos, integrantes das fileiras dos militares carapintadas (que tentaram levantes militares nos anos 80 e em 1990), conhecidos por seu antissemitismo. Também especula-se que poderiam ser integrantes da má afamada polícia da província de Buenos Aires.

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