Amigos da Venezuela reúnem-se na OEA sexta-feira

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os chanceleres dos países que integram o grupo de apoio à busca de uma solução negociada para a crise na Venezuela devem reunir-se na próxima sexta-feira na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, para confirmar seu respaldo à difícil missão de mediação à cargo do secretário-geral da organização, César Gaviria. Será o primeiro encontro entre o novo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o secretário de Estado, Colin Powell. A expectativa é que a reunião, ainda a ser confirmada, defina como o grupo atuará e produza uma divisão de tarefas entre os governos do Brasil, Estados Unidos, México, Chile, Espanha e Portugal. "Não se espera que deste primeiro encontro já saia uma fórmula para superar o impasse, mas a idéia é começar a trabalhar nesse sentido", disse um diplomata familiarizado com os preparativos da reunião. Encontrar tal fórmula, que já era uma tarefa difícil por causa da intensa polarização das posições e da falta de disposição dos dois lados a um diálogo racional, pode ter-se complicado ainda mais depois que o presidente Hugo Chávez foi a Brasília, no último sábado, para insistir numa ampliação do grupo de "países amigos" e ouviu um não do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora o líder venezuelano tenha se resignado, por ora, à composição do grupo, o fato de ele ter-se mostrado insatisfeito com um esforço internacional de apoio à Venezuela que ele próprio pediu a Lula para articular, ilustra a complexidade da tarefa que os chanceleres tentarão delinear esta semana. Na última sexta-feira, o subsecretário de Estado adjunto para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, disse que "o importante no momento, é produzir logo um acordo sobre o que fazer". Os EUA já deixaram claro que prefeririam uma solução que incluísse uma aceleração do calendário eleitoral e a realização de um referendo revogatório do mandato de Chávez antes do prazo constitucional de agosto deste ano. Brasil, Chile e México inclinam-se mais pela realização do referendo em agosto. Segundo Shannon, "as peças do quebra-cabeça são conhecidas, mas falta saber como encaixá-las" de uma forma que atenda os dois lados. "Do lado do governo, as preocupações incluem o encerramento da greve e o papel dos meios de comunicação" num novo processo eleitoral constitucional. "Do lado da oposição, os temas são a segurança e eleições", disse o diplomata americano. A curto prazo, a maior preocupação dos governo que participam do grupo de amigos é a normalização da vida na Venezuelana, que é condição necessária para qualquer processo eleitoral. Além de iniciar a discussão sobre um arranjo que quebre o impasse, os chanceleres terão que ajudar Gaviria a produzir uma solução politicamente viável depois que os venezuelanos se pronunciarem nas urnas, a favor ou contra a permanência de Chávez. Embora tenham divergido numa fase inicial da articulação do grupo dos países amigos da Venezuela, o Brasil e os Estados Unidos concordam desde o início que qualquer solução que ajudem a arquitetar terá efeito apenas temporário. "No final, caberá as próprios venezuelanos decidir o que querem para seu país", disse Shannon.

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