Amorim diz que Conselho de Segurança está obsoleto e pede reforma

Segundo chanceler brasileiro, estrutura do órgão 'reflete uma realidade de 65 anos atrás'

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VIENA - O ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, exigiu nesta segunda-feira, 21, em Viena uma reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que para ele tem uma composição fora "da realidade política" do planeta.

 

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Após uma reunião com o ministro de Assuntos Exteriores da Áustria, Michael Spindelegger, Amorim disse, em entrevista coletiva, que a estrutura do órgão "reflete uma realidade de 65 anos atrás".

 

O Conselho de Segurança tem atualmente cinco membros com direito a veto: Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido. O Brasil é integrante não permanente, da mesma forma que a Áustria.

 

Assim, para Amorim, se o conselho quiser se adaptar à nova realidade, terá que mudar sua composição. O chanceler criticou ainda a falta de transparência do atual Conselho de Segurança em relação ao acordo nuclear alcançado em meados de maio entre Brasil, Turquia e Irã.

 

O acordo previa o envio de urânio enriquecido iraniano ao exterior (Turquia) para posterior conversão em combustível atômico para um reator científico em Teerã. Mas, como lembrou Amorim, antes de poder refletir sobre a iniciativa, o Conselho de Segurança anunciou um acordo sobre novas sanções ao Irã por seu programa nuclear.

 

O ministro brasileiro destacou que os membros não permanentes do Conselho de Segurança se inteiraram pela imprensa do projeto de resolução e não através de canais diplomáticos. "Não houve transparência", criticou o chefe da diplomacia brasileira.

 

Amorim ressaltou que a chamada declaração de Teerã foi negociada por Brasil e Turquia, "duas democracia impecáveis" que não representam "uma cruzada do terceiro mundo contra os EUA". "O objetivo foi criar confiança, mas (a iniciativa) não foi levada em conta", concluiu o ministro.

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O Conselho de Segurança adotou há duas semanas uma nova resolução com sanções diplomáticas e comerciais ao Irã, rejeitada por Brasil e Turquia. Apesar das novas sanções, Amorim assegurou que "a declaração de Teerã segue de pé".

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