13 de janeiro de 2010 | 19h37
"Não creio que o Haiti vá voltar à situação anterior", afirmou o chanceler, referindo-se ao caos político e institucional vivido pelo país no início dos anos 1990. "Claro que essa tragédia tem de ser vista com preocupação e requer uma atenção especial sobre a ordem e a segurança do país. Até porque prisões foram destruídas", completou.
O chanceler lamentou a tragédia para os haitianos, em si, e as incertezas que provocou sobre todos os esforços que estavam em andamento para a consolidação das instituições do país. Lembrou que, no ano passado, uma crise política interna foi resolvida sem danos maiores - algo que, no passado, poderia ter desencadeado um sério conflito. "Essa ganho político não vai desaparecer."
Segundo Amorim, o apoio internacional ao governo do presidente René Preval e aos projetos de reconstrução do Haiti se faz mais necessário neste momento. Ainda hoje, o chanceler deve tratar dessa questão com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, por telefone. Brasil e Estados Unidos contam com uma parceria comum para a atuação no Haiti e pretendiam, juntos, tornar viável a construção de uma hidrelétrica no país.
Ajuda
Como Amorim reconheceu, os canais para a remessa de ajuda material ao Haiti sempre foram pouco eficientes e dificultavam a remessa de ajuda financeira prometida pela comunidade internacional. Essa dificuldade deverá afetar a remessa emergencial de US$ 15 milhões do governo brasileiro ao Haiti. As remessas de bens - como as 28 toneladas de alimentos pelo Brasil - devem ser prejudicadas pelo fato de que os escritórios da Organização das Nações Unidas (ONU) e a própria embaixada brasileira em Porto Príncipe foram arruinados pelo terremoto.
Segundo Amorim, a iniciativa do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de embarcar hoje para Porto Príncipe envolveu o interesse de Brasília de reorganizar a própria força brasileira no país e de contribuir para a preservação da ordem. Em conversa na tarde de hoje com Amorim, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, adiantou que enviará ao Haiti o funcionário Edmond Mulet para reorganizar a presença das Nações Unidas no país.
A comunicação do Brasil com o Haiti continua precária. As informações chegam a Brasília de forma esparsa, boa parte por correio eletrônico. O chanceler relatou que, apesar de sua insistência, não conseguiu manter contato com as autoridades haitianas.
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