Análise: Biden teve espaço para posicionamentos mais objetivos

Último encontro entre Biden e Trump foi positivo para a campanha democrata, sem nenhum elemento novo que tenha o poder de mudar o voto de quem tende a votar em Biden

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Por Mauricio Moura
Atualização:

Esse segundo e último debate foi uma versão mais branda e moderada do primeiro. Os argumentos voltados para suas bases de apoiadores foram os mesmos. Isso ocorreu tanto nos temas de combate ao coronavírus, quanto relações internacionais, saúde e temas locais. O que foi diferente foi o fato de Joe Biden ter tido oportunidade de falar mais e ter incluído nas suas falas palavras-chave e questões muito vistas nas pesquisas qualitativas com indecisos.

Por exemplo, ele falou de falta de transparência do presidente no combate ao coronavírus, mencionou a falta de um plano da Casa Branca em relação ao acesso universal à saúde. Do lado do presidente Donald Trump, foi o fato de ele ter atacado Biden com acusações de benefícios recebidos pelo filho do ex-vice-presidente da Ucrânia quanto da Rússia. Todavia, as pesquisas qualitativas mostram que esse é um tema de difícil compreensão para eleitores indecisos.

Presidente Donald Trump (E) em debate com o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, em Nashville Foto: Chip Somodevilla/Pool via Reuters

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Nesse sentido, o debate foi positivo para a campanha democrata, pois deu espaço para posicionamentos mais objetivos e sem interrupções e não trouxe nenhum elemento novo que tenha o poder de mudar o voto de quem tende a votar em Biden ou influenciar os poucos indecisos que ainda restam. 

De agora em diante, até mesmo em função do que ocorreu no debate, as estratégias de ambos os candidatos parecem muito claras. O presidente Trump deve seguir inflando sua base com acusações de corrupção diretas e espalhando o medo de um potencial aumento de violência com o objetivo de potencializar a presença de seus apoiadores nas urnas. Em contrapartida, o candidato democrata deve seguir pautando seus argumentos atacando a má gestão da pandemia. 

*É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE GEORGE WASHINGTON E PRESIDENTE DO INSTITUTO DE PESQUISA IDEA BIG DATA

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