O discurso de posse de Joe Biden como 46º presidente dos Estados Unidos foi marcado pela previsibilidade. Em tom conciliador, buscou enfatizar aquilo que já se esperava: a necessidade de unir o país em torno de objetivos e valores comuns.
Com destaque à busca por soluções conjuntas e de um debate suprapartidário, Biden estabeleceu o que há pelo menos quatro anos não se via na política americana, a normalidade e, de certa forma, o tédio. Em uma cerimônia marcada pelo tom religioso (ele será o segundo presidente católico dos Estados Unidos), a ausência de Donald Trump ajudou a manter o foco na construção de um discurso pouco emotivo, mas pragmático.
Joe Biden reforçou a urgência da luta contra as informações falsas, o terrorismo doméstico e o supremacismo branco. Notável também ausência de referências a problemas externos como a luta global ao terror, o fundamentalismo islâmico e o crescimento do protagonismo chinês. A preocupação do novo governo, tanto na esfera doméstica quanto internacional, estará alocada na retomada da normalidade.
Os americanos enfrentam a pior crise sanitária da sua história e, com esta, a dificuldade em manter o crescimento econômico. Não à toa, já nos primeiros meses de seu mandato, é muito provável que Joe Biden envie ao Congresso a proposta de um pacote de estímulo estimada em mais de um trilhão de dólares.
O sucesso do recém-empossado presidente dos Estados Unidos dependerá justamente da capacidade em transformar o discurso de união em medidas práticas que contemplem toda a população americana.
*É professor de relações internacionais na FAAP