O Haiti tem a maior taxa de sequestro per capita do mundo. Apenas neste ano, os sequestros registrados até agora aumentaram seis vezes em relação ao mesmo período de 2020. Gangues e criminosos comuns capturam médicos a caminho do trabalho, pastores fazendo sermões, ônibus cheios de passageiros em trânsito e até mesmo policiais em patrulha.
O aumento do problema este ano foi tão grande que Porto Príncipe agora está registrando mais sequestros em termos absolutos do que cidades muito maiores, como Bogotá, Cidade do México e São Paulo juntas, de acordo com a consultoria Control Risks.
Sobrecarregado pela pobreza e castigado pela violência endêmica, o Haiti vive constantemente ondas de sequestro. No entanto, como as gangues armadas ligadas a políticos e interesses privados se fortaleceram nos últimos anos, e agora controlam partes do país, analistas dizem que a onda atual de sequestros é de longe a pior da história do Haiti.
Nos primeiros seis meses do ano, ocorreram pelo menos 395 sequestros, mais de quatro vezes os 88 registrados no mesmo período do ano passado, segundo o Centro de Análise e Pesquisa em Direitos Humanos (CARDH, na sigla em francês), em Porto Príncipe.
Em julho, após o assassinato do presidente Jovenel Moise – acusado de forjar uma aliança com os próprios membros de gangues que usam os sequestros como fonte de renda e controle de território –, os sequestros caíram por um breve período, antes de subir novamente para 73, em agosto, e 117, em setembro, de acordo com os dados do CARDH.
Atualmente, o Haiti continua a se contorcer para superar o vácuo de poder após o assassinato de Moise e o terremoto de agosto, que matou mais de 2,2 mil pessoas e deixou dezenas de milhares de haitianos desabrigados em todo o país.
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