18 de junho de 2018 | 03h00
Ele tem apenas 41 anos e já alcançou o grande marco de sua carreira: renovar o “uribismo”, dar-lhe um rosto jovem para levá-lo mais uma vez ao poder. Iván Duque é meio vallenatero (um tipo de ritmo colombiano) e meio roqueiro. Sua paixão pela música faz com que ele circule por Queen, Kiss e Guns n’ Roses, mas sem ter medo de ser flagrado cantarolando um tango de Julio Sosa. Ele nasceu em Bogotá, filho de uma família rica de Antioquia, com fortes raízes liberais. Sua ascensão política foi rápida.
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Desconhecido até recentemente, ele se tornou a estrela no Senado do Centro Democrático, partido do ex-presidente Álvaro Uribe. Em apenas quatro anos, chegou à presidência – o segundo chefe de Estado mais jovem da Colômbia, depois de Alberto Lleras Camargo, que assumiu o poder aos 39 anos, mas por um curto período, entre 1945 e 1946. Agora, cabe a Duque provar que os críticos que o acusavam de falta de experiência estão errados, que ele pertence à mesma estirpe do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau (46 anos), do presidente francês, Emmanuel Macron (40 anos), e da primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern (37 anos).
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Daqui para frente, será muito mais difícil encontrar tempo para torcer pelo seu time, o América de Cali, ou cantar vallenatos ao lado de intérpretes populares como Silvestre Dangond, Poncho Zuleta ou Jorge Celedón. Embora tenha prometido não governar com o espelho retrovisor, não há dúvida de que ele será guiado pelo legado de seu pai, Iván Duque Escobar, ex-governador de Antioquia e ex-ministro de Minas e Energia de Belisario Betancur (1982-1986).
Outra grande influência é a do líder liberal Jorge Eliécer Gaitán, assassinado em 1948. Sua avó materna, Stella Tono, lhe deu vários discos de vinil com discursos gravados de Gaitán, o grande mito do liberalismo colombiano, que ele decorou quando era criança. A presidência de Duque também deve se pautar pelo seu trabalho realizado por dez anos como consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Washington.
Enquanto morava nos EUA, ele conheceu sua mulher, María Juliana Ruiz, advogada que trabalhava na OEA e com quem se casou em 2003. Sua primeira decisão como presidente, antes da posse, no dia 7 de agosto, será definir se a família, incluindo os três filhos, continuará morando em casa ou se vai se mudar para a Casa de Nariño, residência presidencial. Enquanto isso, ele precisa navegar nas águas agitadas da política colombiana, radicalmente oposta à calmaria de Washington que ele conhecia.
* É jornalista
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