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Análise: Posar de salvador da pátria não ajuda quem já é presidente

Como presidente, Trump parece mais à vontade sentado no banco de trás, zombando do próprio governo

Por Matt Flegenheimer & Katie Glueck
Atualização:

Os Estados Unidos pintados na convenção republicana são um lugar turbulento, violento e sem lei. Mas a tese de que só Donald Trump pode proteger os americanos esbarra em um fato desagradável: ele é quem está no comando. Como presidente, Trump parece mais à vontade sentado no banco de trás, zombando do próprio governo, como um espectador comum, insistindo que alguém deveria fazer algo a respeito de tudo. A conclusão parece clara: ele está no controle do que é bom, mas não é responsável pelo que é ruim.

Em particular, os republicanos apostam que as imagens de caos e violência ajudarão a persuadir os eleitores indecisos a abraçar a imagem de um presidente da “lei e da ordem”. É verdade que dourar a pílula é uma tradição das convenções dos dois partidos. Mas, nesta semana, os republicanos exageraram e tentaram reescrever a história, com narrativas alternativas que garantem que as crises são coisas do passado.

Donald Trump, no banco de trás da limousine presidencial, deixa a Casa Branca Foto: Erin Scott/EFE

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“A eleição é uma escolha entre a agenda socialista democrata de extrema esquerda versus proteger o sonho americano”, disse a deputada Elise Stefanik. O coronavírus? “Foi horrível”, afirmou Larry Kudlow, conselheiro econômico do presidente, relegando a pandemia ao passado. Protestos contra o racismo? “Não se engane”, disse Patricia McCloskey, que apontou armas para manifestantes do lado de fora de sua casa em St. Louis. “Não importa onde você more, sua família não estará segura com os democratas radicais.” 

No passado, Trump conseguiu destruir os rivais – e os democratas sabem que ele ainda tem tempo para fazer isso. O problema é que ele segue atrás nas pesquisas, mesmo com a ajuda de outros republicanos. “Biden representa as políticas fracassadas da extrema esquerda”, disse a deputada Stefanik. “Ele é católico só no nome”, afirmou Lou Holtz, ex-técnico de futebol americano, sobre um homem que frequenta a missa. Ou talvez, como disse Pence, “Biden seja somente um cavalo de Troia da esquerda radical”.

*SÃO JORNALISTAS

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