Como o México poderia infligir danos aos EUA? Enquanto o presidente Donald Trump prepara a jogada para renegociar o Tratado de Livre-Comércio para a América do Norte (Nafta) ou abandoná-lo, os mexicanos precisam convencê-lo de que os americanos também sofrerão. O principal desafio é a assimetria das relações. O fim do Nafta afetaria os EUA. Seis milhões de empregos americanos dependem das exportações para o México. Mas para os mexicanos seria devastador.
Os elementos da estratégia mexicana começaram a ser notados quando o presidente Enrique Peña Nieto declarou que as negociações não se limitariam ao comércio. Levando maior incerteza às relações – dúvidas sobre a cooperação na luta contra o narcotráfico ou sobre impedir terroristas de usar o país como escala para os EUA – o México poderia elevar a aposta o bastante para Trump reconsiderar a estratégia “America primeiro” na área comercial.
Para Trump, melhorar o Nafta é acabar com o excedente comercial do México e limitar investimentos de multinacionais americanas no país vizinho. Mas não se pode eliminar imediatamente um superávit de US$ 60 bilhões com um novo Nafta – a não ser com limites draconianos às importações tão prejudiciais para o México quanto o fim do pacto. Muitos mexicanos temem que seja isso que Trump pretenda. Seria um sinal de intransigência endereçado à China – o próximo na lista do americano.
Se o Canadá permanecer fora da briga, o México ficará sozinho. Talvez não tenha outra escolha senão negociar com uma ameaça pelo menos tão crível quanto a promessa de Trump de sair do acordo. É arriscado. Quando Trump entrou na corrida presidencial, o dólar valia cerca de 15 pesos mexicanos. Agora, vale 22. Um embate frontal poderia elevá-lo a 40. A pior situação seria os EUA exagerarem na pressão e fazerem o México – sua economia, seu governo impopular, sua ordem pública e estabilidade política – entrar em colapso.É COLUNISTA