OTTAWA - A revelação de episódios de racismo envolvendo o premiê canadense Justin Trudeau ocorre apenas dois meses depois de acusações feitas de que ele havia ameaçado sua ex-ministra da Justiça e procuradora-geral, uma mulher indígena, pressionando-a para encerrar um caso de corrupção contra uma importante companhia de engenharia de Quebec.
Nick Nanos, fundador da Nanos Research, empresa de pesquisa de Ottawa, diz que uma recuperação da imagem não é impossível, mas muito difícil para Trudeau e seu Partido Liberal.
Nanos afirma que, recentemente, mesmo antes deste incidente, achou que o apoio aos principais oponentes de Trudeau, os Conservadores, e seu líder Andrew Sheer, começou a aumentar depois de o partido começar a divulgar anúncios atacando o premiê e sugerindo que ele “não é como o propalado”.
Trudeau desfruta de vantagem à medida que a eleição de 21 de outubro se aproxima. A economia do Canadá é vibrante, o desemprego registra quedas históricas.
Sua decisão de acolher 25 mil refugiados sírios foi amplamente aclamada e seu governo adotou várias políticas pioneiras, incluindo a legalização da maconha para fins recreativos e a morte assistida.
A metade do seu gabinete de governo é formada por mulheres, incluindo quatro Sikhs e um ministro nascido na Somália, também personifica um país que se orgulha do seu multiculturalismo e capacidade de integração de estrangeiros.
Mas ele agora é censurado por se mostrar incoerente com sua imagem. Mesmo quando propôs uma taxa de carbono nacional, por exemplo, atendendo a uma promessa feita, ele despendeu US$ 4,5 bilhões de fundos do governo para adquirir um oleoduto. Outras pessoas se queixam de que ele é um primeiro-ministro de Instagram, muito fixado na imagem às expensas da prática política.