Análise: Trump pressiona Europa a escolher entre EUA e Irã

Pressão vem no momento em que europeus fazem última tentativa para evitar que Irã viole regras do acordo de 2015

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Por Loveday Morris e W. POST
Atualização:

O representante especial dos EUA para assuntos iranianos afirmou que as empresas europeias têm de escolher: fazer negócios com os EUA ou com o Irã. Brian Hook fez o comentário no momento em que os europeus fazem uma última tentativa para evitar que o Irã viole as regras do acordo nuclear assinado em 2015, o que pode intensificar as tensões no Golfo Pérsico.

O emissário americano para o Irã, Brian Hook, diz que EUA "não cederão" à chantagem iraniana Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

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A Europa já vinha se empenhando para criar um mecanismo que convença o Irã a permanecer dentro dos limites estabelecidos no acordo. Teerã tem se queixado de que não vê mais nenhum benefício nesse acordo depois que Donald Trump impôs sanções contra o Irã. O governo iraniano já declarou que, se não houver alguma forma de abrandamento das sanções, pretende exceder o limite de 300 quilos de urânio enriquecido que tem permissão de manter em estoque com base no acordo.

A ameaça tornou mais urgente os esforços de Reino Unido, França e Alemanha para adotar um complexo sistema que permitiria às empresas europeias continuarem mantendo alguma atividade comercial com o Irã. “O sistema já está operacional e as primeiras transações vêm sendo processadas”, disse Helga Schmid, diplomata da União Europeia. Ela espera que outros países da UE apoiem o sistema.

No entanto, não se sabe se o Irã vai considerar a medida suficiente para continuar respeitando as regras e os limites de armazenamento de urânio. O vice-chanceler, Abbas Araghchi, qualificou o novo sistema Intex de “positivo”, mas afirmou que ainda há uma “lacuna” em relação às expectativas do Irã, entre elas a capacidade para vender petróleo. “Teerã vai estudar o assunto e decidir de que modo proceder”, disse. 

 O Irã mostrou ceticismo e duvida que o sistema produza benefício econômico suficiente para o país se manter no acordo, mas o considerou um último recurso. O governo Trump criticou o programa da UE, que considera uma tentativa de contornar as sanções americanas. 

Em encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, na cúpula do G-20, Trump insistiu que a líder alemã se una aos EUA na pressão sobre o Irã. No entanto, a Europa dobrou sua aposta no acordo, com as autoridades europeias argumentando que ele é particularmente importante no momento em que os atritos entre EUA e Irã se intensificam./ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

*É JORNALISTA

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