ANÁLISE: Trump usa política externa para desviar nossa atenção
Estamos entrando em uma nova e perigosa etapa da presidência de Donald Trump, definida por um homem irresponsável que destruirá a ordem internacional ou lançará mísseis para distrair o país
Por Brian Klaas
Atualização:
Estamos entrando em uma nova e perigosa etapa da presidência de Donald Trump. Ela será definida por um homem irresponsável que destruirá a ordem internacional ou lançará mísseis para distrair o país enquanto tenta salvar sua própria pele. A história julgará os dois primeiros anos de Trump como um período comparativamente normal e estável.
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Infelizmente, é uma tempestade perfeita. Trump já é o mais desinteressado e mal informado presidente da história moderna. Agora, ele enfrenta alguns limites de assessores que compreendem os riscos de se governar por tuítes. Trump também deve atacar verbalmente muito mais do que antes. Ele seguramente entende que os processos legais que o cercam são cada vez mais uma ameaça existencial não só à sua presidência, mas também à sua liberdade após a presidência.
Os próximos dois anos serão frustrantes. E, para um homem obcecado com rótulos, “Donald, o Pato Coxo” não é um apelido que ele aceitará tranquilamente. Ele vai desejar criar notícias que enterrem suas más notícias. E, diante dos seus constrangimentos domésticos, a política externa será o seu recurso lógico.
Em governos passados, também houve situações em que um presidente envolvido em um escândalo lançou uma guerra externa para desviar a atenção. Mas esse cenário não se ajusta à visão de mundo de Trump. A política externa nos seus dois primeiros anos de governo foi uma mistura de isolacionismo e falta de sentido, uma mostra ostentosa do poder de fogo americano. Portanto, é menos provável que ele envie soldados para iniciar uma guerra e mais possível que ele trará os soldados de volta para casa de lugares onde eles são essenciais para a segurança nacional e internacional.
Relembre a primeira reunião dos dois em Cingapura:
O encontro de Donald Trump e Kim Jong-un em Cingapura
1 / 31O encontro de Donald Trump e Kim Jong-un em Cingapura
Coreia do Norte
Donald Trump se reúne com Kim Jong-un em Cingapura. Foto: AFP Photo/Saul Loeb
O encontro entre Kim e Trump
No começo do encontro, líderes apareceram em varanda do Capella Hotel para fotos. Foto: AP Photo/Evan Vucci
O encontro entre Kim e Trump
O início do encontro entre Trump e Kim em Cingapura. Eles devem falar sobre o resultado da reunião em coletiva de imprensa prevista para as 5h desta t... Foto: AP Photo/Evan VucciMais
O encontro entre Trump e Kim
Em estação de trem em Seul, na Coreia do Sul, moradores comemoram o aperto de mãos entre os líderes dos EUA e Coreia do Norte. Foto: AP Photo/Ahn Young-joon
O encontro entre Kim e Trump
O clima entre os líderes foi amistoso, com sorrisos e apertos de mãos, no começo do encontro no Capella Hotel. Foto: Saul Loeb/AFP
O encontro entre Trump e Kim
Coreanos que vivem em Cingapura assistem ao encontro transmitido pela TV local. Foto: REUTERS/Tyrone Siu
O encontro entre Trump e Kim
Depois de aperto de mãos, Kim e Trump posaram brevemente para fotos antes de reunião a portas fechadas no Capella Hotel, em Cingapura. Foto: Host Broadcaster Mediacorp Pte Ltd via AP
O encontro entre Kim e Trump
Sul-coreano mostra cartaz de apoio ao encontro entre Kim e Trump próximo ao Capella Hotel, em Cingapura. Foto: REUTERS/Kim Kyung-hoon
O encontro entre Kim e Trump
Imprensa foi autorizada a registrar imagens dos primeiros minutos da reunião entre Kim e Trump. Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
O encontro entre Kim e Trump
Repórteres, fotógrafose cinegrafistas se aglomeram do lado de fora do Capella Hotel, isolados por forte esquema de segurança. Foto: Bloomberg photo by SeongJoon Cho
O encontro entre Kim e Trump
Antes de reunião, líderes da Coreia do Norte e dos EUA posaram para imagens no Capella Hotel, na ilha-resort de Sentosa, em Cingapura. Foto: Host Broadcaster Mediacorp Pte Ltd via AP
O encontro entre Kim e Trump
Público sul-coreano para em estação de trens de Seul para assistir à transmissão do encontro entre Kim Jong-un e Donald Trump. Foto: AP Photo/Ahn Young-joon
Trump e Kim se reúnem em hotel em Cingapura.
Após aperto de mãos oficial, Kim Jong-un e Donald Trump se encaminharam para encontro a portas fechadas. Foto: Saul Loeb/AFP
O encontro entre Trump e Kim
Jornalistas norte-coreanos filmam a escolta do líder Kim Jong-un no trajeto entre o hotel onde está hospedado até o local do evento onde deve encontra... Foto: AP Photo/Yong Teck LimMais
Coreia do Norte
Sul-coreanos acompanham encontro entre Trump e Kim Jong-un em TV de estação de trem em Seul Foto: AFP PHOTO / Jung Yeon-je
O encontro entre Trump e Kim
Jornalistas de todo o mundo na cobertura do encontro histórico entre os líderes dos EUA e da Coreia do Norte na ilha-resort de Sentosa, em Cingapura. Foto: REUTERS/Kim Kyung-hoon
O encontro entre Trump e Kim
Kim e Trump se encaminham para reunião a portas fechadas no Capella Hotel. Foto: Saul Loeb/AFP
Coreia do Norte
Kim Jong-un e Donald Trump trocam aperto de mãos histórico antes de cúpula em Cingapura Foto: Host Broadcaster Mediacorp Pte Ltd via AP
O encontro entre Trump e Kim Jong-un
Em Washington, nos EUA, ativistas fazem vigília em frente à Casa Branca para celebrar o encontro entre Trump e Kim Jong-un em Cingapura. Foto: REUTERS/Toya Sarno Jordan
O encontro de Trump e Kim Jong-un
O palco onde são aguardados os líderes dos EUA e da Coreia do Norte no Capella Hotel, na Ilha de Sentosa, em Cingapura. Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
O encontro entre Trump e Kim
Policiais em comboio para escolta de Kim Jong-un até o Capella Hotel, na ilha-resort de Sentosa, em Cingapura. Foto: AP Photo/Yong Teck Lim
O encontro entre Trump e Kim
O líder norte-coreano Kim Jong-un, acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores de Cingapura, Vivian Balakrishnan, na chegada à ilha-resort de Se... Foto: KCNA via REUTERSMais
O encontro entre Trump e Kim
O presidente Donald Trump encontra o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, na sede do governo do país. Foto: Doug Mills/The New York Times
Fazendo história
Kim Jong-un e Donald Trump trocam aperto de mãos histórico antes de cúpula em Cingapura. Foto: Jonathan Ernst/Reuters
O encontro entre Trump e Kim
O comboio policial que acompanhou o carro onde o presidente norte-americano, Donald Trump, foi levado até o local do encontro com Kim Jong-un na ilha-... Foto: AP Photo/Wong Maye-EMais
O encontro entre Trump e Kim
Após almoçarem juntos,os líderes passearam pelohotel Capellae depois se separaram para se reunir com suas respectivas delegações e avaliar os progress... Foto: REUTERS/Jonathan ErnstMais
O encontro entre Trump e Kim
Por volta das 2:30h, no horário de Brasília, os líderes se reuniram para assinar umacordo que, segundo eles, representauma “cooperação entre os dois p... Foto: REUTERS/Jonathan ErnstMais
O encontro entre Trump e Kim
Um funcionário norte-coreano limpa e guarda a caneta usada por Kim para assinar o acordo. Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
O encontro entre Trump e Kim
Durante a assinatura do acordo, os líderes deram declarações à imprensa. Trump disse que "os dois lados ficarão impressionados com o resultado da cúpu... Foto: REUTERS/Jonathan ErnstMais
O encontro entre Trump e Kim
Após a assinatura do acordo, os líderes deixaram a sala. O presidente norte-americano chegou a afirmar que "com certeza" irá convidar Kim para visitar... Foto: REUTERS/Jonathan ErnstMais
O encontro entre Trump e Kim
Após mais de quatro horas com o presidente norte-americano, Kim Jong-un deixa o hotel Capella em seu carro oficial. O presidente Trump ainda aguarda n... Foto: REUTERS/Athit PerawongmethaMais
Então, como Trump criará uma crise? Alegando alguma suposta ofensa por parte de uma nação amiga, podendo cumprir sua ameaça de se retirar da Otan e remover o elemento fundamental da segurança internacional do pós-guerra. Em busca de elogios na imprensa, no caso da Coreia do Norte, ele poderá reduzir ou retirar as tropas americanas da Coreia do Sul, deixando os aliados na região expostos aos caprichos de um louco autoritário para quem ele declarou “amor”. Ou poderá abandonar completamente o Afeganistão, criando um vazio de segurança com a ameaça de uma repetição do período vivido antes de 11 de setembro de 2001.
Ao mesmo tempo, Trump talvez pensará em lançar uma campanha militar limitada que repitam os ataques com mísseis na Síria, em 2017. Ataques aéreos contra a Venezuela? Sim, parece uma loucura, mas os assessores que o impediram de intervir já foram embora da Casa Branca. Bombardear o Irã? Se o âncora da Fox disser que os mulás estão fazendo Trump parecer um presidente fraco, alguém acredita que ele não ficaria tentado?
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E, infelizmente, quaisquer novas aventuras no exterior não terão o apoio dos aliados dos EUA. Nossos amigos passaram os últimos dois anos tentando entender quando estão sendo intimidados e quando estão sendo abandonados. Este é o momento que tememos. Se Trump achar que tem de decidir entre se proteger e proteger a ordem internacional, sabemos o que ele escolherá. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO