
12 de agosto de 2020 | 04h00
Kamala Harris era a escolha mais provável de Joe Biden. Em parte, em razão de sua própria campanha nas primárias. Embora ela não tenha ultrapassado a marca de 20 pontos porcentuais na maioria das pesquisas durante as prévias, Kamala era bem vista por muitos grupos demográficos na base do Partido Democrata, incluindo mulheres e eleitores negros.
A senadora protagonizou o ataque mais memorável da temporada de primárias, quando ela questionou Biden sobre sua posição contra o transporte obrigatório de negros em ônibus escolares no período pós-segregação. O momento era visto como a maior barreira às suas chances de se tornar vice na chapa do partido. A equipe de Biden, porém, tentou minimizar isso. Em julho, uma fotografia das anotações de Biden para uma entrevista coletiva incluía a frase “Não guarde rancores”.
Kamala é senadora pela Califórnia desde 2017, quando se tornou a segunda mulher negra a ser eleita ao Senado. Ela é filha de imigrantes da Índia e da Jamaica. Formada pela Howard University e pelo Hastings College, da Universidade da Califórnia, ela falou várias vezes durante a campanha sobre a influência das duas universidades na sua formação e na sua visão de justiça racial nos EUA.
Antes da escolha, Kamala era considerada uma das mais qualificadas ao posto, alguém que responderia às exigências por diversidade. Aos 55 anos, ela duas décadas mais jovem que Biden, que seria o presidente mais velho eleito se vencer.
Kamala, no entanto, não era a favorita da esquerda do Partido Democrata. Em um clima crescente de pressão por reforma policial, seu currículo como procuradora da Califórnia causou preocupação entre os que desejam que pessoas ligadas ao sistema de Justiça tenham um lugar menos proeminente na sociedade. Embora popular entre alguns na base, ela é vista mais como parte do establishment.
Portanto, não está claro se Kamala aumentará mais o entusiasmo da ala esquerdista do partido, como os apoiadores do senador Bernie Sanders e da senadora Elizabeth Warren. Outra desvantagem é que Donald Trump e sua equipe de campanha tiveram meses para preparar ataques contra Kamala, já que ela era favorita de muitos analistas.
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