
11 de abril de 2009 | 08h53
Um grupo de anciãos somalis prometeu conseguir a libertação do capitão americano Richard Phillips, sequestrado em um bote salva-vidas por quatro piratas, "sem usar as armas e sem pagar resgate", informou neste sábado, 11, a ONG Ecoterra, com sede em Nairóbi. Os piratas somalis advertiram neste sábado que o uso de força para resgatar o americano pode resultar em um "desastre". Navios da marinha dos Estados Unidos estão no local monitorando a situação.
A Ecoterra, que acompanha a navegação, a pesca e a pirataria no leste da África, afirmou em comunicado que parentes dos quatro piratas somalis também foram ao litoral e estão dispostos a ir ao local para "resolver o problema pacificamente". Os anciãos, liderados pelo dirigente local Abdi Ali Mohammed, pedem, para uma solução pacífica ao sequestro, "uma garantia escrita de que poderão retornar seguros e livres à Somália com os jovens piratas e devolvê-los a sua comunidade".
Os anciãos, acrescenta a ONG, pediram a garantia escrita por um comando da Marinha dos EUA, após se comunicar com os americanos e receber resposta no telefone celular de um tradutor, que, disseram, "fala muito mal um somali americanizado" e "não lhes parece de confiança". Eles estão à espera da garantia americana e, se a receberem, começarão os preparativos para libertar Phillips. A Ecoterra também informa que fracassou uma primeira tentativa de negociar com os piratas por parte de uma equipe especializada do FBI, "presumivelmente com a ajuda desse tradutor".
Segundo a BBC, o capitão Phillips foi capturado na quarta-feira, depois que o navio que ele comandava, o Maersk Alabama, foi tomado pelos piratas quando se dirigia ao Quênia levando ajuda humanitária destinada à Somália e a Uganda. Segundo relatos, os sequestradores teriam pedido um resgate de dois milhões de dólares por sua libertação.
Phillips tentou escapar na sexta-feira pulando no mar e nadando em direção a um navio americano, mas foi recapturado. Nos Estados Unidos, a preocupação com o bem-estar do capitão é cada vez maior e o secretário de Defesa americano, Robert Gates, declarou que seu resgate é uma prioridade para o governo. Especialistas do FBI, a polícia federal americana, estão ajudando nas negociações, mas, segundo analistas, o processo pode ser longo.
Na sexta-feira, uma operação de resgate realizada por tropas francesas em outra embarcação tomada por piratas na costa da Somália terminou com a morte de um refém e de dois sequestradores. Outras quatro pessoas, incluindo uma criança, foram libertados do iate Tanit, que havia sido capturado na semana passada. O líder dos piratas que têm o capitão Phillips em seu poder teme que os americanos estejam planejando uma operação semelhante e disse que "truques" como os usados pelos franceses causariam um "desastre".
A Somália não tem um governo efetivo desde 1991, o que criou as condições para que os piratas ganhassem terreno na costa do país. Os sequestradores normalmente pedem resgates milionários para libertar as embarcações em seu poder. Esforços para combater o crime não conseguiram erradicar o problema, já que as patrulhas marítimas internacionais têm de cobrir vastas áreas de oceano onde os piratas atuam.
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