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Angola realiza 1ª eleição após fim da guerra civil

Oposição ameaça não reconhecer resultado e acusa de fraude o presidente José Eduardo dos Santos

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Por Redação
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LUANDA - A Angola realizou nesta sexta-feira, 31, sem incidentes, as segundas eleições presidenciais desde sua independência, em 1975, e a primeira desde o fim da guerra civil, há dez anos. A oposição ameaça impugnar o resultado da votação, na qual aparece como favorito o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, no poder desde 1979.

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Para acompanhar o processo eleitoral, 1,5 mil observadores nacionais e 700 internacionais estiveram em diversos pontos de votação e um desdobramento de 70 mil soldados garantiu a segurança dos 10.349 colégios eleitorais espalhados pelo país.

Embora ainda sem dados oficiais, autoridades locais estimavam o comparecimento de mais de 9,7 milhões eleitores e os observadores relataram um número "notável de" eleitores que compareceu às urnas.

Na capital Luanda o trafego intenso de carros, habitual em dias normais, deu lugar a ruas tranquilas. A movimentação ficou concentrada nos postos de votação, onde enormes filas foram registradas ao longo do dia e os cidadãos exibiam o dedo indicador direito manchado de tinta, o que mostrava que haviam votado. À tarde, o fluxo de eleitores diminuiu e as urnas foram fechadas às 18 horas locais (14 horas de Brasília), dentro do cronograma oficial.

Os primeiros resultados, ainda provisórios, serão divulgados neste sábado. A totalização dos votos será feita em 30 dias, conforme informou André da Silva Neto, presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

Veja imagens da eleição e dos partidários do MPLA:

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Disputa

A escolha direta do presidente foi eliminada na nova Constituição, aprovada em 2010. Nove partidos participaram da disputa. Os eleitores votaram em listas fechadas - o primeiro da lista do partido mais votado será o presidente. O segundo nome da lista será o vice. A composição da Assembleia Nacional será determinada pela proporção dos votos.

O favorito é José Eduardo dos Santos, que governa o país há 33 anos. O líder do MPLA votou no colégio eleitoral de Yara Jandira, em Luanda. Apoiado por uma numerosa militância - o MPLA diz ter 5 milhões de membros -, Santos disse estar "muito satisfeito" com as eleições.

Ele exaltou ainda o "desenvolvimento da democracia" e convocou os angolanos a comparecerem às urnas. "Este momento é importante porque todos podem exercer esse direito de maneira responsável", disse.

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Isaias Samakuva, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita) é o principal líder opositor. Ele votou na Universidade de Oscar Ribas, região sul de Luanda, e ratificou sua intenção de desconsiderar o resultado.

De acordo com Samakuva, existem irregularidades no processo eleitoral. Utilizando a província de Luanda como exemplo, ele alegou que a CNE não credenciou mais de 2 mil delegados da Unita. "Isto quer dizer que o partido não pode garantir a veracidade dos resultados em mais de mil mesas eleitorais."

Sem sucesso, Samakuva buscou adiar as eleições. Acusou o MPLA de arquitetar fraudes e fez ameaças. Na mais grave delas disse se as eleições não fossem adiadas, a Unita "não poderia ser responsabilizada pelo que viesse a ocorrer".

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As declarações trouxeram de volta a lembrança da guerra civil, que terminou em 2002 com a morte de Jonas Savimbi, líder histórico da Unita. O conflito deixou cerca de 500 mil mortos em Angola. A CNE julgou infundadas as acusações e manteve a data da eleição.

Com Efe e Reuters e Samuel Luna, especial para o Estado

 

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