Annan diz que a Guerra do Iraque dividiu a ONU

Secretário-geral afirmou que será necessário trabalho para reparar essas divisões

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, disse que a Guerra do Iraque dividiu a organização que dirige, em entrevista publicada neste sábado na revista portuguesa Expresso. "Penso que todos estamos conscientes de que a guerra levou a uma importante divisão nesta organização - a ONU - e no mundo", assinalou Annan. O dirigente explicou que será necessário muito trabalho para reparar essas divisões, além de opinar que no caso do Iraque "poderiam ter sido adotadas opções diferentes que teriam conduzido a resultados diferentes". Annan defendeu a posição adotada então pelo Conselho de Segurança e esclareceu, no entanto, que os diferentes governos - em alusão aos Estados Unidos - "são livres para tomar as decisões que quiserem". Quanto à situação que o Oriente Médio atravessa, disse se sentir "extremamente preocupado", assinalando países como Líbano, Síria e os territórios palestinos, além das "relações pouco amistosas com o Irã". "Não sei para onde vai tudo isto - a situação no Oriente Médio. Em minha última viagem à região todos os líderes estavam extremamente preocupados com o que ocorre ali e com o que pode acontecer no Iraque", ressaltou o secretário-geral da ONU. Sobre o conflito de Israel com o Hezbollah no Líbano, lembrou que ambos os lados violaram a legislação humanitária internacional. Annan explicou que a relação entre a ONU e os Estados Unidos é ótima hoje e que a colaboração é possível apesar de não haver acordo em alguns assuntos. "Houve momentos em que isso foi difícil, particularmente quando algumas pessoas do Capitólio - sede do Congresso dos EUA - e a extrema direita começaram a atacar a ONU e seu secretário-geral", lembrou. O dirigente apostou em um diálogo franco para aproximar o Ocidente e o Islã e se queixou do tratamento que alguns imigrantes recebem em alguns países devido a seu "perfil" racial.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.