Annan: ONU é parcial ao tratar conflito no Oriente Médio

Secretário-geral da ONU pediu por maior imparcialidade no conflito palestino-israelense, e que a instituição se foque em casos mais graves, como Darfur

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Por Agencia Estado
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O secretário-geral da ONU Kofi Annan pediu ao organismo de observadores dos direitos humanos nesta quarta-feira que lidem com o conflito palestino-israelense de maneira imparcial, e disse que era hora de focar a atenção em crises "mais graves", como Darfur. A declaração de Annan ao Conselho de Direitos Humanos da ONU ocorreu um dia após o organismo, composto por 47 nações, rejeitar uma tentativa de responsabilizar o governo sudanês por não impedir as atrocidades na instável região, onde mais de 200 mil pessoas já foram assassinadas e outras 2,5 milhões fugiram de suas casas desde o início do conflito, em 2003. O conselho, que criticou apenas Israel em seus seis meses de existência, rejeitou por 22 votos a 20, uma resolução da União Européia e do Canadá dizendo ao governo sudanês para julgar os responsáveis pelos assassinatos, estupros e seqüestros em Darfur. Em vez disso, o órgão aceitou uma proposta dos países africanos apoiados pelas nações muçulmanas que pede a todas as partes do conflito que cessem as violações dos direitos humanos. O conselho já havia aprovado seis resoluções criticando Israel por questões que vão desde a sua recente invasão do Líbano até a ocupação, que já dura quatro décadas, das Colinas de Golã, que eram da Síria. Annan, em declaração lida pela chefe de Direitos Humanos da ONU Louise Arbour, disse esperar que o conselho "irá tomar cuidado para lidar com essa questão de maneira imparcial, e não irá permitir uma monopolização da atenção sob o ônus de não se atentar para outras violações que são tão ou mais graves." "Com certeza há outras situações, além da no Oriente Médio, que merecem o escrutínio de uma sessão especial deste conselho", afirmou. "Eu sugiro que Darfur seja um caso de destaque no momento." A votação de terça-feira no conselho, que substituiu em junho a desacreditada Comissão de Direitos Humanos, de deu após meses de negociações entre os países africanos e o então chamado Grupo Africano, liderado pela Argélia, sobre qual a abordagem sobre Darfur. A ONU já chamou o conflito no Sudão de o pior desastre humanitário mundial. A resolução africana não sugere a culpa do governo do presidente Omar al-Bashir, que tem sido acusado de permitir que as milícias conhecidas como Janjaweed lutem contra os rebeldes de Darfur. Os Janjaweed são acusados de destruir centenas de vilas, matando os habitantes, estuprando mulheres e roubando gado.

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