Ano de 2020 foi o mais quente na Europa, especialmente na Sibéria

Como resultado, a camada de gelo do Ártico diminuiu, atingindo a menor superfície já registrada

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Por Redação
Atualização:

PARIS - O clima na Europa continuou a esquentar em 2020, com as regiões árticas da Sibéria registrando um ano excepcional, com temperaturas mais de 4 graus acima da média, informou nesta quinta-feira, 22, o serviço europeu de monitoramento das mudanças climáticas Copernicus.

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Globalmente, 2020 foi um dos dois anos mais quentes já registrados, empatado com 2016. Mas foi o mais quente na Europa, onde a temperatura média foi 0,4 grau superior à média dos cinco anos mais quentes (todos na última década), diz o relatório sobre o "Estado do clima na Europa".

Um aquecimento particularmente acentuado durante o inverno, com 1,4 ºC acima do recorde anterior e 3,4 ºC acima da média dos invernos de 1981-2010.

Pessoas caminham sobre o congelado Lago Baikal, na Sibéria Foto: Vasily Fedosenko/ Reuters

E um aquecimento particularmente perceptível no nordeste do continente, especialmente nas áreas árticas da Sibéria, que viveram o ano mais quente já registrado, com uma temperatura 4,3ºC acima da média. O Ártico como um todo experimentou seu segundo ano mais quente, ficando 2,2 °C acima da média de 1981-2020.

Como resultado, a camada de gelo do Ártico diminuiu, atingindo a menor superfície já registrada. Um recorde histórico de calor no Círculo Polar Ártico foi registrado em junho, com 38°C na cidade russa de Verkhoyansk e a Sibéria foi devastada por incêndios florestais "zumbis", que sobrevivem de um ano para outro em invernos menos severos e mais secos.

Nível recorde de CO2

"Este foi de longe o ano mais quente na Sibéria Ártica, (...) um ano excepcional", ressaltou Freja Vamborg, principal autora do relatório, em uma entrevista coletiva.

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Em outras partes do continente europeu, as ondas de calor de verão foram menos intensas e longas do que nos últimos anos, mas o outono foi particularmente úmido e marcado por um evento climático excepcional, a tempestade Alex.

Alex atingiu no início de outubro o Reino Unido e o sul dos Alpes, devastando, por exemplo, na França, vários vales no interior de Nice, deixando dez mortos e oito desaparecidos. 

As concentrações na atmosfera de gases de efeito estufa, em particular os muito potentes CO2 (dióxido de carbono) e metano, aumentaram 0,6% e 0,8%, respectivamente, ao longo do ano, atingindo os níveis mais altos registrados desde o início de sua medição por satélite em 2003. 

As conclusões deste relatório anual, o quarto do Copernicus, apontam para uma situação muito aquém dos objetivos do Acordo de Paris de 2015, que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global a + 2 °C, ou mesmo + 1,5 ºC em comparação com a era pré-industrial. 

Para atingir a meta ideal, as emissões de CO2 teriam que ser reduzidas em 7,6% ao ano a cada ano entre 2020 e 2030. "Ao longo de três, cinco ou dez anos, a tendência é inequívoca", disse à AFP Jean-Noël Thepaut, diretor do Copernicus. "Este é o quadro geral e é urgente agir."

"Pela temperatura global, os últimos 10-15 anos mostraram uma aceleração, e o mesmo vale para o nível dos oceanos", cuja elevação pode colocar em risco dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo. "É menos claro para outros indicadores, mas todas as tendências estão indo na direção errada", alertou. / AFP

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