Ante bloqueios de táxis, Uber fará viagens grátis

Taxistas fecham vias de Buenos Aires contra aplicativo na Argentina

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Por Rodrigo Cavalheiro , Correspondente e Buenos Aires
Atualização:

Taxistas abdicaram de trabalhar em uma sexta-feira de chuva intermitente, em que estariam todo o dia com passageiros, para bloquear ontem 25 vias de Buenos Aires em protesto contra o serviço de transporte Uber, que só este mês desembarcou no país.

Pressionada não só pelos motoristas com cartazes amarelos e adesivos com a inscrição “fuera Uber”, mas também pelo governo municipal e pela Justiça, a empresa americana “subiu a aposta”. Anunciou viagens grátis até quarta-feira, se o valor não ultrapassar 200 pesos (R$ 50,36).

Taxistas argentinos bloqueiam vias em Buenos Aires em protesto contra a chegada no país do aplicativoUber Foto: EFE/DAVID FERNÁNDEZ

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A oferta foi interpretada como uma provocação pelos sindicatos. Eles reclamam de uma concorrência desleal, que não paga impostos, não atende às normas de segurança e cobertura em caso de acidente. A empresa argumenta que o Código Civil argentino permite um acordo de transporte entre dois indivíduos e só é intermediária. 

Presente em mais de 400 cidades no mundo, o sistema começou a funcionar na terça-feira na Argentina. O Uber dominou o noticiário local e conseguiu a façanha de unir contra si toda a cobertura da imprensa. Canais com linhas editoriais antagônicas, que rotineiramente dão títulos opostos a um mesmo episódio – como o C5N, próximo ao kirchnerismo, e o TN, do Grupo Clarín –, nesta sexta-feira usaram os mesmos argumentos para atacar o uso do aplicativo.

Numa enquete em meio a um dos protestos, um cidadão que se disse favorável ao Uber “para que a aldeia argentina se inclua no mundo” levou uma bronca da repórter que o questionou.

O taxista Esteban Sánchez estima que um motorista que trabalha 12 horas por dia arrecada 30 mil pesos (R$ 7,5 mil) em um mês, dos quais precisa descontar o gasto com gasolina e taxas sindicais. Ele acredita que o Uber não conseguirá se manter com tarifas tão baixas pelo preço do litro da gasolina (R$ 3,70). “Se nós já temos dificuldade, será insustentável para eles”, previu. 

No fim da noite, a polícia cumpriu ordens de busca e apreensão em dois locais ligados à empresa. O promotor municipal Martín Lapadu disse ao C5N que as medidas se destinavam a encontrar provas de desrespeito a requisitos para atividade lucrativa em espaço público e de sonegação de impostos. 

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Questionado por jornalistas sobre a razão para não tirar o site do ar, o promotor respondeu que a empresa não tem um domínio “.com.ar”. “Estamos estudando como bloquear o uso do aplicativo descarregado nos celulares. Outra medida em estudo é citar as operadoras de cartão de crédito como partícipes no delito”, afirmou Lapadu. O Uber não trabalha com dinheiro vivo. 

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