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Anúncio de moto na web levou a terrorista

Por TOULOUSE
Atualização:

A investigação que resultou na identificação do terrorista Mohamed Merah teve início a partir do rastreamento na internet da lista de 575 pessoas interessadas pelo anúncio de uma motocicleta, cujo proprietário foi a primeira vítima dos atentados. Desde então, há dez dias, a polícia e os serviços de inteligência da França vasculhavam a região de Toulouse para reduzir ao máximo o número de suspeitos. Na noite de terça-feira, o esforço foi recompensado.A morte de dois militares em um novo atentado, no dia 15, levou a Direção Central de Informação Interior, em Paris, a formatar uma segunda lista de suspeitos, com 15 nomes, entre os quais militantes de grupos de extrema direita e radicais islâmicos. Nessa lista constava o nome do jovem muçulmano de origem argelina, muçulmano e com passagens pelo Paquistão e pelo Afeganistão. Merah não foi interrogado, enquanto outros suspeitos foram abordados.A falha permitiu que o jovem tivesse tempo de atuar mais uma vez, atacando a escola israelita Ozar Hatorah, frequentada por jovens de classe alta da comunidade judaica de Toulouse. O ataque resultou na morte de três crianças de 3, 6 e 8 anos, além do pai de uma delas, um professor de 30 anos. O crime tornou o terrorista o homem mais procurado da França nas últimas 48 horas, em uma operação que reuniu mais de 200 investigadores.O terceiro crime levou a polícia a rastrear o telefone celular de todas as pessoas que tivessem passado nas imediações da escola no horário do atentado. Só então a polícia e o serviço secreto cruzaram as informações das três listas. Merah tornou-se, então, o principal suspeito.A pista que uniria todas as suspeitas, porém, só viria horas mais tarde. Em uma concessionária de motos de Toulouse, Merah teria pedido informações sobre como desativar o sistema de geolocalização do veículo. Christian Dellacherie, diretor da concessionária, suspeitou da iniciativa e denunciou o jovem à polícia. "Ninguém pede informações sobre como desativar o localizador de uma scooter. Depois do crime, achei que a informação pudesse ser útil", disse Dellacherie ao Estado. Às 23 horas de terça-feira, a polícia tinha certeza absoluta sobre a autoria dos crimes. / A. N.

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