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Ao lado de Netanyahu, Trump diz que palestinos 'vão gostar' de acordo de paz

Presidente dos EUA disse que vai divulgar detalhes de plano de paz nesta terça-feira

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Por Redação
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mostrou otimismo sobre a possibilidade de os palestinos aceitarem um plano de paz com Israel. Durante breves declarações à imprensa ao lado do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, Trump disse nesta segunda-feira, 27, que os palestinos no início podem rejeitar a iniciativa, mas “no fim das contas eles vão gostar”.

Trump informou que revelará detalhes sobre o plano de paz para israelenses e palestinos nesta terça-feira, 28. Questionado se falou com os palestinos sobre o tema, repetiu que dará detalhes da iniciativa apenas na terça-feira. O presidente americano afirmou que Israel apoia suas ideias.

Donald Trump recebe Netanyahu em Washington Foto: Calla Kessler/The New York Times

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Já Netanyahu disse a repórteres que o acordo é a “oportunidade do século” para a paz entre as partes. Além disso, agradeceu o apoio ao atual presidente americano. “Agradeço tudo que você tem feito pelo Estado de Israel”, disse Netanyahu, qualificando Trump como “o melhor amigo do Estado de Israel na Casa Branca”.

Ele citou o fato de que Trump reconheceu Jerusalém como capital israelense e transferiu a embaixada americana no país, o que é contestado pelos palestinos, que desejam Jerusalém Oriental como sua futura capital.

Palestinos ameaçam deixar Acordos de Oslo 

Os palestinos ameaçaram neste domingo se retirar dos Acordos de Oslo, que enquadram suas relações com Israel, se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuar com seu plano de paz no Oriente Médio, considerado "histórico" por Israel.

Se Trump anunciar seu plano, conforme programado para terça-feira, a Organização de Libertação da Palestina (OLP) se reserva o direito de "retirar-se do acordo provisório", como é chamado, das discussões em Oslo, disse o secretário-geral da OLP, Saeb Erekat.

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Segundo o acordo provisório de Oslo II de setembro de 1995, entre a OLP e Israel, a Cisjordânia estava dividida em três zonas: A, sob controle civil e de segurança palestino, B, sob controle civil palestino e de segurança israelense, e C, sob controle civil e de segurança israelense.

Este acordo provisório terminava em 1999, mas desde então foi renovado tacitamente por ambas as partes.

Para Erekat, o plano americano "transformará ocupação temporária em ocupação permanente".

O plano de paz do presidente Donald Trump para o Oriente Médio "está fadado ao fracasso", disse Ismail Haniyeh, líder do Hamas, o movimento governante na Faixa de Gaza, o pequeno enclave palestino com 2 milhões de habitantes, em comunicado.

O movimento islâmico também pediu negociações no Cairo com as outras "facções palestinas", incluindo Fatah, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas - que governa a Cisjordânia ocupada - para coordenar a reação ao plano dos EUA.

Logo após sua declaração, um foguete foi lançado de Gaza para Israel, de acordo com o Exército israelense, que anunciou que havia respondido.

Palestinos deixados de fora de discussões

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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu rival político, Benny Gantz, viajaram neste domingo para Washington, onde devem se reunir com o presidente Trump na segunda para discutir a iniciativa.

Os palestinos disseram que não foram convidados para essas discussões e criticaram os Estados Unidos por reconhecerem, sob o governo de Trump, Jerusalém como a capital de Israel e por defenderem a presença de assentamentos israelenses - ao contrário do direito internacional - nos territórios ocupados.

A colonização por Israel da Cisjordânia ocupada e de Jerusalém Oriental continuou em todos os governos israelenses desde 1967, mas se acelerou nos últimos anos desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, um importante aliado de Netanyahu que o descreveu neste final de semana como "o melhor amigo que Israel teve".

"Nos últimos três anos, tenho conversado com o presidente Trump e a sua equipe sobre as nossas maiores necessidades nacionais e relativas à segurança, pontos que devem ser incluídos em quaisquer dos acordos diplomáticos propostos", afirmou o primeiro-ministro israelense.

"Uma oportunidade como essa acontece uma vez na história e não pode ser desperdiçada. Estou muito esperançoso que estejamos diante de um momento histórico em relação ao nosso Estado", disse Netanyahu.

Segundo os palestinos, o plano dos EUA inclui a anexação por Israel do vale do Jordão, uma vasta área estratégica da Cisjordânia, e colônias em territórios palestinos, bem como o reconhecimento oficial de Jerusalém como capital indivisível de Israel.

"O governo americano não encontrará um único palestino favorável" a este plano, insistiu o Ministério de Relações Exteriores da Palestina.

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Apoio a Netanyahu?

Em junho do ano passado, parte de uma iniciativa econômica do plano foi divulgada. Nesse capítulo, há a proposta de que haja US$ 50 bilhões em investimentos internacionais nos territórios palestinos e nos países árabes vizinhos para os próximos 10 anos. Contudo, detalhes concretos ainda são alvo de especulação.

Gantz garantiu, neste fim de semana, que já está informado deles.

"Posso dizer que o acordo de paz proposto pelo presidente Trump será um importante marco histórico" que permitirá que "diferentes países do Oriente Médio finalmente entrem em um acordo histórico para a região".

A reunião de Trump com Netanyahu e Gantz ocorre a menos de um mês das próximas eleições israelenses. Em Israel, a mídia local comenta que a escolha de Trump por anunciar o acordo de paz neste momento aconteça com o objetivo de favorecer Netanyahu no processo eleitoral. /AFP, REUTERS

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