Trump sugere a Israel concessões a palestinos para unir região contra Irã

Netanyahu tenta há anos convencer as monarquias sunitas a tratar o Irã xiita como inimigo comum, sem vincular a questão palestina a essa aliança

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Por Redação
Atualização:

JERUSALÉM - Em sua primeira visita a Israel, o presidente dos EUA, Donald Trump, condicionou nesta segunda-feira, 22, uma posição mais dura contra o Irã, como defende o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, a um acordo de paz com os palestinos - algo que o premiê impõe condições para fazer. Netanyahu tenta há anos convencer as monarquias sunitas a tratar o Irã xiita como inimigo comum, sem vincular a questão palestina a essa aliança. 

Trump deu sinais de que tentará convencê-lo a tratar a criação de um Estado palestino como parte desse novo alinhamento regional. Nos últimos meses, Israel tem acelerado a expansão de assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, sob crítica, principalmente, de aliados europeus.

Trump e Netanyahu se encontram no Hotel Rei David, em Jerusalém, em maio de 2017 Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

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“Sobre essa questão, há um consenso mundial muito forte, especialmente no mundo árabe”, disse Trump após reunir-se com o presidente israelense, Reuven Rivlin. “Eu me senti encorajado pela minha conversa com o rei Salman, na Arábia Saudita. Ele ficaria muito feliz em ver a paz entre Israel e os palestinos.”

Trump acrescentou, em declarações preparadas para ele por um assessor, que o futuro da coalizão anti-Irã no Oriente Médio passa pela criação de um Estado palestino. “Há uma crescente percepção entre seus vizinhos árabes que há uma causa comum entre vocês - o Irã. E realmente é uma ameaça, não há dúvidas”, afirmou. 

A mensagem de Trump chega em um momento em que a chamada solução de dois Estados é cada vez menos prestigiada no gabinete de Netanyahu. 

Recepção. O presidente americano foi recebido calorosamente por líderes árabes em Riad, especialmente em razão de sua posição dura com relação a Teerã, que muitos Estados árabes sunitas acreditam estar buscando uma hegemonia regional.

Nos comentários feitos ontem a Rivlin e ao primeiro-ministro israelense, Trump pareceu contemplar a formação de uma coalizão regional para se contrapor ao que descreveu como o envolvimento do xiita Irã em conflitos na região.

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“Onde quer que vamos, vemos os sinais do Irã”, disse Trump a Netanyahu, mencionando sua influência crescente nos conflitos na Síria, no Iêmen e no Iraque, onde está apoiando combatentes xiitas ou enviou suas próprias forças contra o Estado Islâmico - um inimigo tanto de Teerã quanto de Washington.

Trump também tratou a questão da paz no Oriente Médio como “um acordo definitivo”, embora na véspera de sua visita à região ele tenha dado poucos indícios de como poderia ressuscitar as negociações abandonadas em 2014.

Ontem, Trump participou de um jantar com Netanyahu, no qual deu declarações genéricas a respeito de seu plano de paz. Segundo ele, o projeto inclui “muito amor”. “Muitas nações querem pôr um fim à violência - até nações que vocês ficariam surpresos em saber”, afirmou o presidente americano. “Eles estão fartos do banho de sangue.”

“Durante minhas viagens, nos últimos dias, tenho encontrado novos motivos para esperança”, disse Trump, em um breve discurso na chegada. “Temos diante de nós uma oportunidade rara de obter segurança, estabilidade e paz para essa região e esse povo, derrotando o terrorismo e criando um futuro de harmonia, prosperidade e paz, mas só podemos chegar lá trabalhando juntos.”

No primeiro dia em Israel, Trump visitou a Igreja do Santo Sepulcro e o Muro das Lamentações - centros do judaísmo e do cristianismo. Hoje, ele se encontra com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em Belém. 

O presidente americano realiza sua primeira viagem internacional no cargo. A o todo, a visita terá nove dias e passará pelo Oriente Médio e pela Europa, terminando no sábado. Depois de Israel, Trump visitará o Vaticano, onde se reunirá com o papa Francisco. Depois, segue para uma reunião do G-7, na Sicília, e finaliza com uma cúpula da Otan, em Bruxelas. / NYT e REUTERS