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Ao menos 25 mortos em novo dia de violência na Somália

Reiniciados no domingo, conflitos entre milícias islâmicas e senhores da guerra pelo controle da capital somali já deixaram pelo menos 45 pessoas mortas

Por Agencia Estado
Atualização:

A milícia fundamentalista islâmica que controla Mogadiscio e a maior parte do sul da Somália enfrentou um novo bolsão de resistência da capital pelo segundo dia consecutivo, em choques que provocaram pelo menos 25 mortes nesta segunda-feira. Com as 20 mortes ocorridas nos confrontos de domingo, o saldo do conflito subiu para 45 mortos e dezenas de feridos em apenas dois dias de uma nova onda de violência deflagrada depois de semanas de relativa calma. Os milicianos islâmicos entraram em choque os soldados leais ao senhor da guerra secular Abdi Awale Qaybdiid. "Fomos atacados pela aliança de senhores da guerra. A milícia de Qaybdiid é remanescente dessa aliança. Portanto, não existe alternativa a não ser lutar até o fim", disse o xeque Hassan Dahir Aweys, líder das milícias islâmicas, em entrevista concedida hoje à Associated Press. Qaybdiid recusou-se a desarmar seus soldados depois da expulsão, no mês passado, de outros senhores da guerra seculares apoiados pelos Estados Unidos. Controle da capital Em 5 de junho, a milícia fundamentalista islâmica tornou-se o primeiro grupo a consolidar o controle de toda a cidade de Mogadiscio em 15 anos. A milícia vinha lutando com uma aliança de senhores da guerra seculares pelo controle do país. A situação agravou-se a partir de fevereiro. Desde então, mais de 340 pessoas morreram e 1.700 ficaram feridas. Abdullahi Yusuf Ahmed, presidente do governo de transição da Somália, acusa os Estados Unidos de financiarem os senhores da guerra laicos. Oficialmente, porta-vozes do governo americano não confirmam nem negam a denúncia. Mas, sob condição de anonimato, fontes no governo americano confirmam que Washington coopera com os senhores da guerra seculares. O objetivo dos EUA seria impedir que toda a Somália seja tomada por militantes islâmicos simpáticos à rede extremista Al-Qaeda, mas as milícias expandiram sua influência desde a tomada de Mogadiscio e hoje afirmam controlar a maior parte do país. A Somália afundou-se no caos permanente a partir de 1991, quando senhores da guerra derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre e depois voltaram-se uns contra os outros. Desde então, o país encontra-se sem um governo central. Novo Afeganistão? A situação na Somália assemelha-se em parte ao que ocorreu no Afeganistão. Milícias islâmicas são acusadas de laços com a rede extremista Al-Qaeda e forças seculares de receber ajuda dos Estados Unidos. Os fundamentalistas islâmicos apresentam-se como uma força alternativa capaz de levar ordem ao país. Da mesma forma, o Taleban construiu sua base de apoio no Afeganistão mantendo a ordem com mão de ferro depois de anos de violência generalizada em meio a um conflito entre senhores da guerra locais após a queda do governo comunista. A Somália possui um governo provisório apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que está sediado em Baidoa, 250 quilômetros a noroeste de Mogadiscio. Entretanto, a administração não tem conseguido exercer autoridade em mais nenhum lugar do país, em parte por causa do conflito e também porque os líderes islâmicos o rejeitam por ser um governo que se baseia no Islã. Texto atualizado às 13h

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