Aos poucos, Chávez vai dobrando a greve geral

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Por Agencia Estado
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Aos poucos, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, vai dobrando a greve geral convocada há quase dois meses por uma dividida oposição que tenta removê-lo do poder. Um dia depois de a estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA) ter superado a simbólica marca de produção de 1 milhão de barris por dia - um sinal de recuperação, ainda que distante da produção média de 2,8 milhões de barris diários -, a Associação Bancária da Venezuela anunciou hoje que, a partir de segunda-feira, os bancos do país voltaram a operar em horário integral. Desde dezembro, quando aderiu à greve, os bancos privados vinham operando apenas três horas por dia. "A decisão de normalizar o horário se deve às exigências do público e dos correntistas", explicou o vice-presidente da associação, Nelson Mezzerhane. O dirigente acrescentou que a restrição das atividades tinha sido decidida em dezembro "por razões de segurança, e não por questão política". Pequenas lojas, fábricas e repartições públicas, assim como serviços de transporte, escolas e hospitais do Estado, funcionam normalmente desde dezembro. Apesar do presidente da Central de Trabalhadores da Venezuela (CTV), Carlos Ortega, insistir que a greve deve continuar até que se obtenha um acordo que permita uma saída eleitoral para a crise política, a paralisação se mantém apenas parcialmente em algumas instalações da PDVSA e nos quatro canais de televisão particulares do país. As emissoras suspenderam a programação normal e a difusão de comerciais e exibem apenas filmes e desenhos animados, além do noticiário - abertamente favorável à oposição - sobre a paralisação. Em reação à posição das TVs, o governo de Chávez está processando duas emissoras particulares, a Globovisión e a Radio Caracas Televisión (RCTV), que correm o risco de ter a concessão cassada. Se, ao menos por enquanto, não alcançou o objetivo de derrubar Chávez, os dois meses de greve geral lançaram o país no caos econômico. O dólar disparou - de 1.700 para 2.500 bolívares no mercado paralelo -, forçando o governo a suspender as operações de compra e venda de divisas estrangeiras e adotar a fixação do câmbio. No fim de semana, Chávez anunciou também que adotará um programa de controle de preços, que dispararam nos últimos três dias, enquanto o congelamento não sai. Em meio à turbulência política e econômica, representantes do grupo de Países Amigos para a Venezuela - Brasil, EUA, Chile, México, Portugal e Espanha - se reúnem amanhã em Caracas para ajudar governo e oposição a chegarem a um acordo, em negociações conduzidas pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), César Gaviria.

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