TEL-AVIV - Após a Autoridade Palestina (AP) reduzir subsídios pagos para manter o fornecimento de energia para Faixa de Gaza, o governo de Israel decidiu reduzir o fornecimento de eletricidade para território controlado pelo Hamas. A partir de agora, os habitantes de Gaza terão apenas duas horas de energia elétrica por dia.
O Hamas responsabilizou a Autoridade Palestina pelos cortes eadvertiu contra o risco de uma "explosão" no enclave, onde dois milhões de palestinos vivem reclusos, submetidos a um bloqueio, e já enfrentam uma severa escassez de energia.
Num contexto de crise humanitária e econômica, o abastecimento de eletricidade é uma preocupação primordial no enclave à beira do deserto, e principalmente em pleno Ramadã e com a aproximação do verão.
O ministro israelense da Segurança Interna, Gilad Erdan, explicou a decisão do governo pelas divisões entre os palestinos. "Foi a Autoridade Palestina de Mahmud Abbas que decidiu reduzir significativamente os pagamentos que faz a Israel para o fornecimento de energia elétrica em Gaza", disse el. "Seria ilógico fazer Israel pagar parte da conta".
O Hamas expulsou a Autoridade Palestina de Gaza em 2007. A Autoridade, reconhecida pela comunidade internacional, exerce suas prerrogativas apenas na Cisjordânia ocupada, separada da Faixa de Gaza por Israel.
Todas as tentativas de reconciliação falharam. Mas a Autoridade continua a pagar a energia fornecida por Israel aos habitantes de Gaza.
Todo mês há 10 anos a Autoridade Palestina "paga 45 milhões de shekels (11,3 milhões de euros) para Israel e sete milhões de shekels (1,8 milhão de euros) para o Egito para abastecer Gaza com eletricidade.
"Para superar a crise, o Hamas deve responder à proposta de Mahmud Abbas de acabar com a divisão" política, acrescentou. A redução atual do fornecimento, seguindo "um pedido de Mahmud Abbas", é "uma catástrofe" que irá afetar os habitantes de Gaza, reagiu um porta-voz do Hamas, Abdellatif al-Qanu em um comunicado.
A Autoridade Palestina também reduziu em abril o salário de seus funcionários no enclave, provocando uma onda de descontentamento e manifestações. Para o Hamas, tais medidas avivam as incertezas criadas recentemente pela crise diplomática envolvendo o Catar, um de seus maiores apoios. /AFP