Apagão americano diverte os iraquianos

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Por Agencia Estado
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Os iraquianos, que durante meses sofrem com a escassez de eletricidade, fizeram bravatas a respeito do apagão que afetou o Nordeste dos Estados Unidos e o Sudeste do Canadá e ofereceram algumas dicas para ajudar os americanos a suportar o calor. Para se adaptarem à vida sem eletricidade, os iraquianos desenvolveram técnicas avançadas - que vão desde banhos freqüentes de chuveiro até dormir no teto de casa. Recentemente, as elevadas temperaturas diárias ultrapassaram os 50 graus centígrados no Iraque, enquanto os administradores americanos não conseguiram ainda restaurar os níveis de fornecimento de energia que prevaleciam antes da guerra. Para alguns iraquianos, o fato de parte dos americanos sofrerem, mesmo que brevemente, da mesma sorte é uma justiça poética. "Que eles provem o que temos provado", disse Ali Abdul Hussein, que vende sorvetes da marca "Keen Cold" numa calçada da capital. "Que eles sentem do lado de fora da casa, bebendo chá e fumando cigarros, para esperar a volta da energia, exatamente como nós, os iraquianos". Aqui vai uma lista dos dez principais conselhos compilados nas ruas de Bagdá: Durmam no teto da casa - Sem energia e , portanto, sem ar condicionado, os iraquianos se acostumaram a subir as escadas nas noites quentes. Alguns instalam camas portáteis de metal sobre o teto, enquanto outros simplesmente se estiram sobre colchonetes. "Nós dormimos no teto". disse Hadia Zevdan Khalaf, de 38 anos, que usa uma "abaya" preta cobrindo todo o corpo, da cabeça aos pés, sob o sol abrasador. Sentem-se à sombra - Muitos iraquianos saem de casa quando não há energia. "Ficamos sentados à sombra", disse George Ruweid, de 27 anos, jogando cartas com os amigos na calçada. A respeito do apagão nos Estados Unidos, ele disse: "Espero que isso dure 20 anos, para que eles sintam o que nós sofremos". Vão procurar água - "Nós vamos até o rio, exatamente como nos tempos antigos", disse Saleh Moayet, de 63 anos. Várias pessoas disseram que viram as praias americanas pela televisão e sugeriram que elas poderiam ser um bom lugar para fugir do apagão. "Eles têm tantas praias lindas", disse Hamid Khalil, de 44 anos. "Eles deveriam ir para onde não está muito quente". Tomem freqüentes banhos de chuveiro - "Eu tomo duchas todos os dias", disse Raed Ali, de 33 anos. "Antes de subir para o teto para dormir, tomo uma ducha e fico mais fresco". Comprem blocos de gelo - Quando as geladeiras ficam desligadas, não existe nenhuma maneira melhor para manter os alimentos frescos. Mohammed Abdul Zahara, de 24 anos, vende cerca de 20 blocos de gelo por dia em uma mesa montada à margem da rua. "Quando faz calor, as pessoas compram muito gelo", disse ele. Examinem para ver se não há sabotadores - "Eles deveriam ir às usinas de energia e ver qual é o problema", sugeriu Ahned Abdul Hussein, de 21 anos. "Talvez haja seguidores de Saddam Hussein que estejam sabotando suas usinas de energia. Isso é o que acontece aqui". Arranjem um gerador - Abbas Abdul al-Amir, de 53 anos, é dono de uma das lojas que vendem geradores na rua comercial de Karadah, em Bagdá. Quando a energia acaba, as vendas aumentam. "Vendo cerca de 30 geradores por dia", disse ele. "Quando a falta de energia dura mais tempo, posso vender ainda mais". Chamem os iraquianos - Alguns sugeriram que os americanos perguntem aos iraquianos como fazer a energia voltar a funcionar. "Que eles levem especialistas do Iraque", disse Alaa Hussein, de 32 anos, que estava numa longa fila esperando para comprar gás, porque não havia eletricidade. "Nossos especialistas têm muita experiência nestes assuntos". Soltem palavrões - "Quando a energia acaba, eu rogo pragas sobre todos", disse Emad Halawi, um contador de 63 anos. "Rogo pragas contra Deus, contra Saddam Husssein. E também rogo praga contra os americanos". Mas a principal sugestão dos iraquianos para os americanos que sofrem falta de energia foi esta: saiam às ruas para protestar. Alguns disseram que as manifestações podem ser eficazes para persuadir as autoridades a se voltarem para o problema da falta de energia. "Nós fizemos protestos. Depois disso, tivemos menos apagões", disse Ahmed Abdul Hussein, sem nenhum sinal de sarcasmo. "Eu sugeriria aos americanos que saiam às ruas e protestem".

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